O sucesso da amamentação é mérito exclusivo da mulher- mãe, porém, a interrupção precoce nunca é culpa da mulher mãe, mas da combinação de uma série de fatores socioculturais: atendimento dos profissionais, apoio familiar, circunstâncias sócio-econômicas.
Frequentemente sou questionada pelos pais e parentes próximos, sobre o que pode ser feito para auxiliar na amamentação, nesse texto deixo algumas orientações sobre como ajudar a mulher-mãe, encontrar satisfação na amamentação, nas diferentes fases de desenvolvimento da criança.

Preparação: durante a Gestação
Acompanhe a gestante às consultas do pre-natal, talvez ela esteja mais interessada no parto, então pode ajudar lhe lembrando de perguntar sobre a preparação das mamas, o profissional irá lhe orientar o que ela pode esperar a cada fase da gestação, e especialmente o que não deve fazer. As pessoas adoram mandar a gestante passar bucha, cremes, massagens, mas não deve fazer nada com as mamas durante a gestação, o único é permitir o processo natural. O peito da mulher pode crescer e precisar novas roupas, então disponibilizem um pouco do orçamento familiar para a troca de sutiã. Próximo do nascimento, é bom se informar sobre os profissionais que podem ajudar com as dificuldades nos primeiros dias, no estabelecimento da amamentação. Veja e compartilhe com a gestante: dicas para preparar o seio para a amamentação , dicas para uma amamentação saudável e tranquila

Nascimento
Logo após o nascimento, garantir que o bebê tenha acesso ao seio na sua primeira hora de vida é essencial. Como acompanhante, seu papel será velar para que a mãe e o bebê tenham seus direitos respeitados. Amamentação na primeira hora, alojamento conjunto.
Ainda na maternidade, peça ajuda da equipe de enfermagem caso a recém mãe esteja sentindo dificuldades na mamada. Se disponibilize ficar com o bebê no colo, para permitir que a mãe se sinta segura e possa dormir no ambiente hospitalar. Veja 5 Razões para dizer NÃO ao berçário na maternidade (se seu filho nascer saudável)

Estabelecimento: Recém nascido.
Nas seguintes três semanas após o nascimento, estará acontecendo o estabelecimento da amamentação, um processo de aprendizagem contínuo para a mãe e para o bebê. A introdução de bicos artificiais, muito presentes na cultura Brasileira, pode prejudicar esse processo (veja confusão de bicos ) . O papel principal da rede de apoio da recém mãe é cuidar da saúde física e mental da mulher, para que ela possa cuidar de seu pequeno. Garantir as refeições balanceadas e em horários regulares, hidratação disponível enquanto amamenta, cuidado com filhos maiores, animais de estimação, e tarefas domésticas.
Caso percebam dificuldades, dor ao amamentar, baixa frequência de xixis do bebê, baixo ganho de peso, procure ajuda de profissionais: banco de leite ou consultora de amamentação, não espere que as dificuldades cresçam para procurar ajuda. Uma orientação oportuna, logo nos primeiros dias, pode ajudar deixar o processo muito mais tranquilo. Veja A amamentação do recém nascido

Adequação da demanda: 1 – 3 meses
Uma vez estabelecida a amamentação, começa se acertar a rotina de cuidados, acontece o processo de adequação da demanda, e se percebem as primeiras fases de desenvolvimento e crescimento da criança. A mãe ainda precisa ajuda para garantir refeições balanceadas e em horários regulares, o bebê demanda muita atenção e mamadas frequentes. Porém, agora também procura estímulos no ambiente, conversas, sons, cores. A rede de apoiadores pode ajudar distraindo o bebê oferecendo estes estímulos, pegando o bebê no colo, levando ver a luz do sol, enquanto sua mãe come, toma banho ou descansa após a mamada.
Entender como funciona a produção do leite materno e sobre os picos de crescimento ou saltos de desenvolvimento essencial para não incorrer no erro de sugerir fórmula infantil ou chupeta sem necessidade.

Descobrindo o mundo: 3-6 meses
O bebê está descobrindo o mundo que lhe rodeia, curte os passeios no colo de outras pessoas, para ver coisas diferentes às habituais (o que alivia a mãe). Está descobrindo suas mãozinhas, então é normal lhe ver constantemente com a mão na boca, sem que isto seja sinal de fome, nem precise correção do hábito (veja Socorro! Meu filho começou a chupar o dedo). Adicionalmente, pode se distrair ao mamar, diminuindo a eficiência das mamadas diurnas, o que vai se refletir no ciclo de aleitamento da noite (veja Retrocesso do sono dos 4 meses), assim, é importante dar espaço para dupla, evitando as interrupções durante a mamada.
Por outro lado, a mãe pode estar se preparando para a volta ao trabalho, lhe ajudar nesse processo de preparação, encorajando-a se informar sobre a datas, e novos horários na volta ao trabalho; durante as semanas que antecedem a data de volta ao trabalho, re-organizar a rotina familiar, além de planejar um processo de adaptação gradual aos novos cuidadores, sem deixar de acolher os sentimentos da mulher, é essencial . Veja Como manter a amamentação na volta ao trabalho?

Alimentação complementar: 6 – 12 meses
Ao iniciar a alimentação complementar é importante entender que o aleitamento ainda é essencial para o bebê. Agora o papel da família é acolher a criança à mesa, fazendo de cada refeição uma experiência feliz, encorajando a criança experimentar sabores, texturas, permitindo que tenha contato direto com os alimentos. Entender que nesse processo de alimentação complementar, o leite é o principal alimento da criança, e os alimentos que serão introduzidos a são apenas complementares, ajudará todas as partes envolvidas encarar essa nova fase sem estresse (veja alimentação complementar e amamentação) .
Agora o bebê já brinca, e interage bem com as pessoas ao redor. Parentes e amigos, podem ajudar a mãe entretendo a criança, nos períodos que precisa de estimulação, e respeitando quando precisa tirar sua soneca. Cada vez mais começa tomar força o uso da sucção como fonte de alivio das pequenas frustrações da sua exploração cotidiana, para relaxar, assim se o bebê fica irritado, entediado (o que lhe causa estresse) ou pula suas sonecas (o que piora esse estresse), a tendência será procurar insistentemente o seio, que lhe ajudará relaxar. O que pode deixar sua mãe cansada. Entender que a livre demanda do seio, também inclui componentes emocionais, que eventualmente podem ser supridos de formas alternativas ao seio vai ajudar mãe e bebê deixar a amamentação mais leve. Veja A evolução da Livre demanda: mudanças com a idade do bebê . O melhor suporte da rede de apoiadores, é o fortalecimento do vínculo afetivo com o bebê, dividindo as tarefas do cuidado (o que inclui a estimulação da criança), para que ele possa se sentir cuidado por uma rede de pessoas (e não apenas pela mãe).

Amamentação continuada: maiores de 12 meses
Gradativamente o leite materno vai cedendo espaço nutricional para os alimentos, agora a criança consegue aproveitar muito mais os nutrientes ingeridos graças ao aprimoramento dos processos digestivos. Entender o papel que a amamentação tem no processo de desenvolvimento psico afetivo do bebê é muito importante. Assim a rede de apoio poderá ajudar a mãe na fase de amamentação continuada. Mesmo com a fala começando ser desenvolvida, as crianças não têm ainda a capacidade de se comunicar aprimorada, quando querem algo, qualquer coisa o primeiro que solicitam é o peito, e é justamente aí que entra na jogada o conhecimento e percepção que temos de nossos pequenos. Às vezes as crianças não pedem o que precisam, elas não têm amadurecimento para saber exatamente o que precisam. Está com sede ou fome? Pede peito. Está com sono? Pede peito. Está entediada? peito. O papel da rede de cuidadores que têm se desenvolvido ao redor da criança deve ser entender e antecipar suas necessidades básicas, através de uma rotina consistente de cuidados, que não dependa da presença da mãe, e do peito.
As pessoas ao redor da dupla mãe – bebê, podem encorajar e iniciar processos de comunicação eficiente e constante com a criança, fortalecendo os vínculos afetivos com outros membros da família, cativar a criança com brincadeiras, passeios, historinhas, vai ser de muita ajuda, e irá garantir que a amamentação seja mais leve para a mãe, já que poderá dividir a carga emocional que se atribui aos cuidados do bebê nessa fase. Veja A “autonomia” do bebê crescido (maior de um ano) que é amamentado.

Desmame
Desde o início da introdução alimentar mãe e bebê estão caminhando no processo do desmame, o tempo no qual ele irá acontecer depende apenas da dupla. O papel do pai, escola, avós e todas as pessoas envolvidas nos cuidados da criança, é o de respeitar as escolhas da mãe, e propiciar um ambiente seguro para a criança, onde tenha todas suas necessidades físicas e emocionais satisfeitas, de forma que consiga gradativamente substituir o seio como fonte de nutrição, por uma dieta balanceada, e a sucção como fonte de controle de estresse, pela segurança de um forte vínculo afetivo com seus familiares (veja desmame gentil ).
Apoiar e proteger a dupla da forte pressão social que existe para o desmame, assim como encorajar a mãe se relacionar com seu filho em vários níveis além da amamentação também é muito importante (veja educação positiva )
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A consultoria Mães com Ciência pode ajudar com a amamentação, sono, planejar sua volta ao trabalho, desmame gentil, desfralde ou educação positiva saiba como funciona aqui ou Agende uma consulta virtual aqui
*Texto original de Zioneth Garcia .
As informações são baseadas em opinião pessoal, construída através da experiencias pessoal e o atendimento de centenas de famílias.