Manejando as dificuldades no comportamento alimentar de crianças maiores de um ano

A alimentação é um ponto essencial para o bom descanso, por isso é tão importante entender e ajustar nosso comportamento na hora da refeição para ajudar as crianças pequenas se alimentar de forma adequada. Se você está sentindo dificuldades na hora de colocar uma criança maior de uma ano à mesa, as refeições estão cada vez mais estressantes, então esse texto é para você. Acompanhe alguns pontos chave para garantir uma adequada alimentação nessa fase.

Próximo de um ano é comum que as crianças manifestem mudanças no seu comportamento à mesa, comer menos é normal, uma vez que seu corpo aproveita melhor os nutrientes e não precisa grandes quantidades. A descoberta da individualidade também traz desafios à hora de comer, as crianças tem vontades, ficam entediados à mesa, e mostram sua inconformidade de diversas maneiras. Aquele bebê fofinho que aceitava de tudo se transformou e não percebemos quando virou uma criancinha temperamental cheia de vontades, mais seletiva do que antes.

Estabeleçam as quantidades adequadas, horários de refeições e comportamentos que devem ser favorecidos na hora de comer: comer à mesa, respeitar os sinais de satisfação, compensar refeições entre elas ao longo do dia, evitar “picar” entre as refeições, não substituir refeições por mamadeira. Lembre que a capacidade gástrica da criança de 1-2 anos não é muito maior de 150-180 mL, pelo que não deve esperar que consuma porções grandes. Prefira favorecer a frequência, qualidade do tempo na refeição, densidade e diversidade de nutrientes oferecidos. Se sua criança come pouco, garanta que nisso consuma todos os nutrientes que precisa. É melhor 2 colherezinhas aceitas de bom agrado, 6 vezes ao dia, do que uma ou duas refeições forçando com distrações comer 6 colheradas.  

Uma conversa com nutricionista infantil seria ideal para estabelecer claramente as metas de alimentação da fase de desenvolvimento atual.  Qual a porção ideal? (quantas colheradas p. ex.) Quais itens (no mínimo) devem estar na dieta da criança? A dieta da família está adequada?

Foto por Pedro Son

Expliquem claramente para a criança  a preocupação sobre a alimentação e os comportamentos esperados à mesa, assim como a necessidade de usar várias estratégias para ela aprender se alimentar melhor. Lembrem  que alimentação é antes que nada um comportamento social, que expressa autocuidado e requer consciência plena durante o processo. A refeição além de supri a demanda nutricional, é um mecanismo importante de integração social e manutenção de vínculos. Evite distrair com celular, TV ou outros artifícios que tirem a atenção da refeição e a interação social nela. Se vai trazer um brinquedo à mesa, ele deve ser o convidado para a refeição e comer junto. Mesmo que a criança pareça não dar atenção, não deixe de conversar de forma repetitiva, deixando bem claro o comportamento que espera dela a cada refeição.

Prefiram ofertar porções pequenas, que serão finalizadas de bom agrado, a porções grandes que deixaram todos frustrados. Elogie e permita que a criança se levante após finalizar a pequena porção, e se for preciso planeje um aumento gradual das porções dia após dia. 

Antecipem as refeições avisando o que será servido e as regras ou comportamentos esperados na hora de comer. Use frases curtas, de 2-3 palavras para serem repetidos como lembretes repetitivos: comer na mesa, comer sentado, se acabou desceu, p.e. 

Durante a refeição ofereça instruções simples, que possam ter resposta com execução de ações específicas pela criança, por exemplo: espeta o tomate com o garfo, agora coloca  o tomate na boca.  Não insistam para a criança ficar mais de 20 minutos à mesa, se ela se mostrar entediada, permita que saia e espere o resto da família finalizar. Evite ficar andando com o prato na mão atrás da criança. Caso a refeição não tenha sido completa, compense na seguinte refeição.

Envolva a criança em todos os processos da associados à refeição familiar: compras,  preparação de alimento, por a mesa familiar, tirar a mesa, lavar as louças, etc. Sentem à mesa quando a refeição estiver posta à mesa, assim evitará tempo de espera onde a criança pode se ficar entediada mais rápido. 

Foto por Anastasia Shuraeva em Pexels.com

Criem explicações sobre os alimentos tanto nas compras, na preparação e na hora de ir ao prato. Usem frases simples e curtas que possam ser repetidas facilmente. Porque cada um destes itens/ingredientes é importante ou merece estar no prato da criança? Essa labor de descobrir a função dos alimentos é constante, faz parte da educação alimentar. Incluir os cuidadores nessa conversa é fundamental.  

Brinquem de comidinha mostrando como deve ser o prato de uma criança, montando refeições para seus bonecos (pode fazer itens diferentes em papel para escolher o que quer colocar nos pratinhos), convidar brinquedos à mesa, explicando para eles o comportamento que devem ter na hora de comer (ficar sentadinhos, avisar quando estão satisfeitos e querem sair). 

Coma junto da criança, comendo os mesmos itens que ela, sem focar no comportamento dela com a comida e sim em fazer da refeição uma experiência feliz. Gesticulando e mostrando como mastigar, levar comida à boca, pegar a comida, etc. Lembrem que nessa fase os neurônios espelho estão em plena atividade e a observação da gesticulação dos adultos também estimulará os movimentos de mastigação na criança. 

Mantenha o reforço positivo dos comportamentos na hora de comer. Mostre que você notou que ela seguiu as orientações.  Não esqueçam que crianças pequenas não comem grandes porções. Tenham expectativas acordes à fase de desenvolvimento e respeitem os sinais de satisfação. Se já não quer mais, jogou o prato longe ou começou colocar a comida para fora da mesa, significa que a refeição já deu o que tinha que dar.

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*Texto original de  Zioneth Garcia

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Referências
Silva GA, Costa KA, Giugliani ER. Infant feeding: beyond the nutritional aspects. J Pediatr (Rio J). 2016;92(3 Suppl 1):S2–7.

SILVA, Isabel; PAIS-RIBEIRO, J.L.; CARDOSO, Helena. Porque comemos o que comemos: Determinantes psicossociais da selecção alimentar. Psic., Saúde & Doenças, 2008. Lisboa ,  v. 9, n. 2, p. 189-208.

Quaioti, T. C. B., & Almeida, S. S. (2006). Déterminants psychobiologiques du comportement alimentaire: l’emphase des facteurs environnementaux qui contribuent à l’obésité. Psicologia USP, 17(4), 193-211.

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