Segundo filho: o que fazer quando é preciso recorrer a tratamentos para engravidar

Muitas famílias procuram para se preparar para chegada do segundo filho antes mesmo da gestação acontecer, algumas vezes pensando em planejar um desmame, melhorando a rotina familiar. Mas nem sempre as coisas saem como planejadas, e o segundo bebê pode demorar para chegar.  Pensando nessas famílias, pedi para a Dra. Camilla Vidal , que atua no Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto – CEFERP  , orientações sobre essa situação.

Segundo filho: o que fazer quando é preciso recorrer a tratamentos para engravidar

Por Dra. Camilla Vidal

“Muito se ouve falar sobre a infertilidade, e milhares de casais do mundo todo enfrentam dificuldades de realizar o sonho da maternidade, precisando de tratamentos para engravidar. Entretanto, poucas pessoas sabem que esse problema pode se manifestar mesmo após o nascimento do primeiro filho.

Nesse contexto, a infertilidade secundária pode ser mais comum e dolorosa do que se imagina. Ela acontece quando a mulher já teve uma gestação com sucesso, mas não consegue engravidar novamente. O tema é delicado e, geralmente, provoca muitas dúvidas nos casais que estão tentando gerar o segundo filho. Pensando nisso, elaboramos este post para esclarecer os desafios que podem ser encontrados e os principais tratamentos para engravidar. Faça uma boa leitura!

Momento ideal para procurar ajuda

Mesmo que a primeira gestação tenha se desenvolvido sem maiores dificuldades, pode acontecer de a segunda demorar um pouco mais para chegar. No entanto, é preciso ficar atento para o tempo de tentativas sem sucesso.

Se o casal se mantiver sexualmente ativo sem o uso de métodos contraceptivos durante o período de 12 meses e mesmo assim não conseguir engravidar, é necessário procurar a ajuda de um especialista para que uma investigação detalhada seja feita. Caso a paciente tenha mais de 35 anos, se a gestação não acontecer em até 6 meses de tentativas, o ideal é também passar por uma avaliação.

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Fatores relacionados à infertilidade secundária

Geralmente, o diagnóstico da infertilidade secundária leva mais tempo para ser obtido. É mais difícil para as mães aceitarem essa dificuldade, uma vez que já houve uma concepção natural anteriormente. Contudo, quando as tentativas frustradas se acumulam com o tempo, o casal começa a perceber que algo está errado e é imprescindível procurar ajuda assim que as desconfianças começarem a se manifestar.

De maneira geral, as infertilidades primária (quando o casal nunca engravidou) e secundária são semelhantes nos quesitos que dizem respeito à investigação e ao tratamento, mas o fator idade pode ser um agravante em mulheres que procuram gerar o segundo filho.

Geralmente, a tentativa da segunda gravidez acontece quando as mulheres já estão em idade mais avançada e a reserva ovariana diminui, ou seja, é menor a quantidade de óvulos disponíveis para fecundação. Esse é um fato natural que acontece à medida que a idade avança e pode interferir diretamente na fertilidade feminina.

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Tratamentos para engravidar

A boa notícia é que existem diferentes tratamentos para engravidar que podem ser adotados em caso de infertilidade secundária. Ademais, a reprodução assistida apresenta resultados cada vez mais efetivos.

É importante ressaltar, no entanto, que cada caso tem suas peculiaridades, e uma anamnese minuciosa deve ser realizada para que o melhor tratamento seja escolhido. Separamos os principais deles a seguir. Veja:

Inseminação artificial

A inseminação artificial (IA), ou inseminação intrauterina, é um dos métodos de reprodução assistida, e o objetivo principal é simular a concepção natural, uma vez que a fertilização ocorre dentro do corpo da mulher. Não é necessário, portanto, retirar os óvulos para o meio externo.

O método se baseia em depositar os espermatozoides dentro da cavidade uterina em uma fase em que a mulher se encontra próxima de liberar o óvulo (fase periovulatória). A inseminação pode ser realizada acompanhando-se um ciclo natural da mulher ou por meio da estimulação hormonal do processo de ovulação, sendo este último o método mais utilizado.

Fertilização in vitro

A fertilização in vitro (FIV) difere da inseminação artificial em determinados aspectos, sendo que o principal deles é que é o embrião quem é colocado dentro do útero. A fecundação, portanto, acontece em laboratório por meio de técnicas de reprodução assistida.

Desse modo, a FIV tem esse nome por causa da maneira como o processo se desenvolve. A partir da fecundação e formação do embrião in vitro, é necessário adotar técnicas de cultivo, com temperatura e luz adequadas, para então transferi-lo para o interior do útero após alguns dias de desenvolvimento.

Super ICSI

A sigla ICSI significa injeção intracitoplasmática de espermatozoide e é um método de fertilização in vitro em que uma agulha superfina é utilizada para depositar o espermatozoide no interior do óvulo. Para visualizar o processo, utiliza-se um microscópio com capacidade de ampliação de até 400 vezes.

Já a técnica super ICSI está entre os procedimentos mais avançados no cenário atual e apresenta o diferencial de unir a técnica da ICSI a instrumentos ópticos que conseguem uma aproximação de 6.300 vezes.

Dessa forma, o espermatozoide é escolhido para a fecundação de maneira muito mais cautelosa a partir de uma análise da sua estrutura interna e externa. Isso permite uma seleção mais criteriosa e pode aumentar as chances de sucesso da fertilização in vitro.

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Namoro programado

O namoro programado (ou coito programado) é um método relativamente simples e tem como principal objetivo a otimização da fecundação, ou seja, o encontro do óvulo com o espermatozoide.

A técnica se inicia por meio da estimulação ovariana, e a mulher toma determinados medicamentos que auxiliam no desenvolvimento dos folículos e na ovulação.

O crescimento dos folículos e o desenvolvimento do endométrio são acompanhados através de ultrassonografia transvaginal. Quando a mulher encontra-se no período fértil, as relações sexuais são então programadas para esse período, o que contribui para o aumento das chances de gestação. 

Preparo psicológico

Como mencionamos, pode ser extremamente difícil aceitar a infertilidade secundária, já que a maioria das pessoas acredita que a ocorrência de uma primeira gravidez significa obrigatoriamente que o casal continua fértil. Nem sempre isso acontece, e o apoio psicológico e familiar é fundamental. O estresse emocional causado pela frustração da situação pode ser profundo e, inclusive, aumentar o risco de infertilidade, segundo um estudo realizado em 2017 com 401 mulheres.

Portanto, é interessante considerar a psicoterapia, além de técnicas de relaxamento, como meditação e ioga. Em alguns casos, a terapia em grupo também é indicada para o casal conhecer outras pessoas na mesma situação e enxergar que não enfrenta a dificuldade sozinho. 

Nesse ponto, vale ressaltar que o acompanhamento de um especialista em reprodução humana é fundamental. Procure marcar uma consulta com um profissional e veja se você sente confiança diante do contato estabelecido. Lembre-se que os tratamentos para engravidar devem ser individuais e de acordo com as peculiaridades do casal, sendo que a excelência do tratamento acontece desde as etapas de investigação até a adoção da conduta terapêutica apropriada. “

E então, gostou de saber mais sobre a infertilidade secundária e alguns dos tratamentos disponíveis? Compartilhe este post nas suas redes sociais, você pode ajudar uma família!

Referências:

American Society for Reproductive Medicine. Diagnostic evaluation of the infertile
female: a committee opinion. Fertility and Sterility, June 2015. Volume 103 , Issue 6 , e44 – e50

American Society for Reproductive Medicine. Optimizing natural fertility: a committee opinion. Fertility and Sterility , Volume 100 , Setembro 2013, Issue 3 , 631 – 637

Lynch, C. D., Sundaram, R., Maisog, J. M., Sweeney, A. M., & Buck Louis, G. M. (2014). Preconception stress increases the risk of infertility: results from a couple-based prospective cohort study—the LIFE study. Human Reproduction (Oxford, England)29(5), 1067–1075. 

A autora:  DSCF0456

Dra. Camilla Vidal – CRM-SP 164.436

É Medica formada na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS (2013). Com residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (2014-2017). Especializada em Ginecologia Endócrina e Reprodução Humana – Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (2017)

Pós Graduada em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia – FATESA/EURP (2017)

Membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), com título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) pela FEBRASGO

Médica Colaboradora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP – USP), atuando no setor de Reprodução Humana, e parte do corpo de colaboradores da CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto.
Contato através da CEFERP aqui.

 

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2 comentários

  1. Boa tarde a todos, parabéns, lindo trabalho…. Está com 10 , meses que eu e meu esposo perdermos nossa única filhinha de 2 anos e me arrependo muito de ter feito laqueadura no nascimento dela, como, quando eu e meu esposo casamos nós já tínhamos um casal de filhos do primeiro relacionamento e eu engravidei e tive a Liandra Karla Deus me deu Deus tomou… só q eu fiz laqueadura e agora queríamos tanto mais um bebê… estava orando para saber onde buscar ajuda encontrei vocês, e agora vou continuar orando para eu ter condições de ir até vocês…um abraço a todos…Deus abençoe o trabalho de vocês sempre.

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