A mãe ideal
Você quer ser uma boa mãe para seus filhos? Quando sabemos se estamos sendo ou não boas mães? Quem deve dizer o quê é ou não é uma boa mãe?
Quem define o quê é ou não é uma boa mãe é você. O problema é justamente que entre mais sabemos mais exigentes nos tornamos com nos mesmas. Mas, se você quer ser a melhor mãe possível para seus filhos, é bem provável que você já é a melhor mãe para seus filhos, mesmo com os erros que comete¹, mesmo que você não alcance o ideal de mãe perfeita que tem em mente.
Os ideais de maternidade de hoje não são os mesmos de quando nossas mães nos tiveram no colo, muta coisa mudou desde então. O mundo e a forma de nos relacionar com as pessoas, e com a informação, está diferente. Somos consumidores de informação, de todos os tipos, a informação sobre maternidade e todos os assuntos ao redor é abundante, das mais diversas fontes. Com um minimo de pesquisa você consegue acessar artigos jornalísticos até científicos em uns poucos minutos (conseguir ler e interpretar adequadamente já é outro assunto).
Vemos diariamente na mídia tradicional, assim como no Facebook, instagram, twiter, whatsapp, exemplos de mães, lindas, perfeitas, com corpos maravilhosos, filhos sorridentes. Você pode escolher a entre os pacotes de mães perfeita que nos vendem. O que mais vejo hoje é idealizar a maternidade com parto natural (de preferencia domiciliar e na água), amamentação exclusiva até seis meses, sem bicos, alimentação introduzida em BLW, eliminação natural (ou pelo menos fraldas de pano), cama compartilhada, criação com apego, desmame natural (lá pelos 3-5 anos), sono em dia, controle emocional pleno no momento das crises de comportamento, etc. É esse modelo que nos inspira, é um “patchwork” de informações das mais diversas áreas do conhecimento, onde cada uma, baseada em evidências científicas, sinala o que é “melhor” ou mais favorável para o crescimento e educação dos filhos.
É impossível ter o pacote todo? Certamente alguém deve ter os meios e rede de apoio para conseguir, mas não a grande maioria, pelo menos ainda não conheci a primeira que tenha o pacote mãe perfeita completo. Nem a sempre linda e maravilhosa Gisele Bündchen. O modelo está errado? Não, certamente o parto mais natural é melhor, o que não faz que o parto mediado por analgesia ou que a cesárea intra parto sejam erradas; assim mesmo, amamentar exclusivamente até seis meses é o ideal, o quê não significa que as mães que oferecem fórmula aos seus pequenos estão fazendo tudo errado. Não se trata de certo ou errado, maternidade não é uma prova de aptidão.
O ideal é relativo
Posso contar dezenas de exemplos de mães bem sucedidas e felizes, que não seguem a risca aquele modelo ideal de maternidade. O que quero mostrar é que precisamos entender que não existe um único modelo de maternidade ideal, nem de amamentação ideal, nem de parto ideal, nem de criação ideal. O ideal é relativo, às expectativas de cada uma, à historia de vida de cada uma, aos desafios que cada uma enfrenta na sua realidade, na sua casa, com o pai de seu filho, com a família, com sua vida profissional.
O que para mim pode ser terrível no meu mundo ideal, para outra mãe pode não fazer diferença, e daí? Qual o problema? Você segue sua vida, eu sigo a minha, você tem seus ideais, eu tenho os meus, o que não impede que nos duas possamos ser colegas, nos apoiar e quem sabe ser amigas e colocar as crias brincar junto.
As orientações de órgãos promotores de saúde materno infantil, OMS SBP, MS, são importantes, sim claro! Mas elas são um guia, que deve ser adaptado a cada realidade, não são um roteiro nem um manual de maternidade. Ser mãe não tem manual, nem receita pronta nem fórmulas mágicas. Assim como não podemos banalizar a evidência cientifica, não podemos continuar a banalizar a realidade por trás de cada mulher, cada mãe, cada família e cada filho.

Você é a melhor mãe para seus filhos.
Se dá um desconto vai, e dá um desconto às amigas (e principalmente às não tão amigas assim), cada escolha diferente, cada decisão que se desvia desse seu “ideal” para nossos filhos tem um contexto por trás. O grande problema dos modelos ideais é que ele são isso: ideais, surgidos no mundo das ideias, onde todas a variáveis são controladas (ou ignoradas), e então lá no mundo das ideias não apenas a mãe é perfeita mas o mundo no qual essa mãe perfeita vive, é perfeito. E gente, não sei se vocês vivem no mesmo mundo que eu, mas meu mundo está bem longe de ser perfeito, o quê não significa que seja ruim, prefiro meu mundinho nada perfeito desde onde posso acolher e me comunicar com outras mulheres, mães, que vivem em mundos igualmente imperfeitos.
1- Créditos ao Pedro marido da Carol Mafra por essa frase maravilhosa!
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Texto original de Zioneth Garcia