Socorro! Meu filho começou a chupar o dedo

Seu bebê descobriu os dedinhos e aposto que o primeiro que você ouviu foi:  dá logo a chupeta! Mais fácil tirar a chupeta que o dedo! Mas calma, nesse texto vou tentar mostrar que chupar o dedo não é aquele bicho de sete cabeças terrível.

Chupar o dedo é normal

Alcançar as próprias mãos e dominá-las, conseguir levar a boca ou selecionar um ou outro dedo, é um marco de desenvolvimento importante, parece pouco para nós, mas para o bebê é um feito incrível. Ao redor dos 2-4 meses o bebê aprende dominar as mãos para, posteriormente, começar a segurar objetos. A intensidade dessa fase vai diminuir assim que começar segurar outras coisas para levar a boca, que começar descobrir o mundo ao redor. Para isso lhe ofereça opções para ele segurar e levar a boca, mordedores, objetos macios, se forem compridos melhor, são mais fáceis de segurar para ele.

Lembre que seu bebê está na fase oral (que vai durar até a idade do desmame natural), ele está explorando o mundo com seu sentido mais abusado, A BOCA, ou seja que, até uns 2-3 anos ele vai passar por vários picos que intensificam a mão na boca por diferentes razões, os dentes por exemplo, estão entre uma das primeiras causas para o bebê levar os dedos na boca, nesse caso ficar atentos para que oferecer alternativas para de aliviar o mal-estar na gengiva, pode ajudar diminuir a incidência do dedo na boca. 

Chupar o dedo pode oferecer autoconforto ao bebê, isso não é ruim, é normal durante a fase oral, algumas crianças que não costumavam chupar o dedo podem começar fazer isso quando experimentam mudanças abruptas na sua rotina: começar ir na creche, desmame abrupto, volta ao trabalho pela mãe, desfralde precoce, visitas em casa, etc. Chupar o dedo não é ruim para a criança, esse hábito vai passar de forma gradual na medida que a criança se desenvolve naturalmente.

Casos de chupar o dedo depois da primeira infância, na adolescência e vida adulta, são extremamente raros e podem ser considerados manifestações de algum tipo de carência psicológica ou afetiva, podem ser um sinal de uma fase oral mal resolvida por exemplo. Evite pensar de forma fatalista. Não é porque seu bebê de 2-4-6-12 -24 meses chupa dedo hoje que continuará a fazer o mesmo quando tiver 8-9- 30 anos de idade.

Controle do uso da sucção do dedo em bebês

Algumas de nossas atitudes podem acabar incentivando e fixando esse comportamento, sem que seja nosso desejo. O mais comum é retirar insistentemente a mão da boca, NÃO FAÇA ISSO, só conseguirá fixar no bebê uma associação entre a mão na boca e a atenção da mãe ou adultos ao redor. Se estão preocupados pelo uso insistente do dedo, ou se detectaram alterações no palato pelo seu uso recorrente, o manejo da sucção do dedo deve se centrar na identificação e manejo das fontes de estresse e desconforto da criança. Quando e porque seu filho recorre ao dedo? Se antecipe à situação, satisfazendo a necessidade básica: cansaço, fome, estimulação, tédio.  


Lembre que a sucção é uma forma de encontrar calma e conforto, por tanto, é importante oferecer alternativas igualmente satisfatórias para criança. Teste persuadir a troca do dedo por objetos para coçar a gengiva (mordedores, comidas geladas), oferecer colo, trocar de atividade ou brinquedo, etc.

Obviamente, para evitar que chupar o dedo se torne um hábito, não incentive o comportamento lhe ajudando a colocar ou colocando o dedo/mão na boca quando ele chorar. Se o bebê está no seu colo, se você ouviu o choro, ele não precisa se autoacalmar,  ele precisa que você o acalme, preste atenção para descobrir qual é a razão, pode ser apenas um pedido de atenção, “mãe me olha”. Permita que o bebê domine seu corpo, não interfira nesse processo para que ele possa transcorrer da forma mais natural possível.

A chupeta NÃO é mais fácil de tirar que o dedo

Os pitacos de dar chupeta logo, quando veem nosso bebê com dedo na boca sempre chovem, as pessoas em geral tem a falsa ilusão que a chupeta é mais fácil de tirar que o dedo. Mas não é bem assim. Apenas parece ser mais fácil, especialmente para os adultos. Quem sugere dar chupeta dirá: “mas depois é só tirar, jogar fora, inventar alguma historinha (Papai Noel , o coelho da páscoa, a fadinha levou) e pronto, parou!”

Eu lhes pergunto então: como fica a criança? Onde que esta criança vai suprir as necessidades de conforto oral que estava satisfazendo na chupeta? As necessidades da criança não somem, pelo contrário, a insegurança pode tomar conta e acabar com várias implicações comportamentais. Não é raro, alias é bem comum, crianças que sofrem uma retirada precoce ou abrupta da chupeta desse tipo (e que não são amamentadas) descobrirem tardiamente o dedo ou desenvolver hábitos orais deletérios ( roer unhas, roer canetas, ou simplesmente colocar tudo o que cair na sua mão na boca). Nesses casos a chupeta foi embora mesmo,  mas a necessidade de conforto oral se mantem viva e vai ser suprida de outras formas uma ou outra hora.

O processo de retirada de bicos artificiais tem as  mesmas dificuldades de um desmame do seio, ao final, a criança precisa conseguir o conforto que obtinham na sucção do bico no relacionamento com sua mãe, pai e cuidadores. Ou seja, acaba transportando o vínculo afetivo que tem com o objeto ao relacionamento com as pessoas. Para refletir um pouco mais sobre a retirada de chupetas e mamadeiras veja aqui .

Se seu filho mama no seio não precisa de chupeta e de fato não é recomendada por nenhum profissional antenado no desenvolvimento da primeira infância. Ela pode acabar causando uma confusão de bicos e muitos problemas para a amamentação (veja porque aqui ). Basta ver as orientações de UNICEF, OMS , Ministério da saúde e Sociedade Brasileira de pediatria, todos eles desaconselham.  Garantindo que o bebê tenha um bom desenvolvimento físico e psico afetivo, mantendo um relacionamento saudável da criança com sua mãe, pai, familiares próximos e outras pessoas no seu convívio , ela não terá porque se aferrar de forma patológica ao dedo nem a nenhum outro hábito, já que suas necessidades de conforto serão supridas no relacionamento familiar e social.

Ainda, se o hábito do dedo se torna um problema para o desenvolvimento orofacial, ou se mantém além do esperado, um forte relacionamento com a mãe, com uma boa linha de comunicação e confiança será a melhor estratégia para que a criança mesma opte por parar de chupar o dedo sem nenhuma imposição. Veja mais como ajudar a criança deixar o hábito de chupar o dedo

Precisamos superar a dificuldade que temos para aceitar que não somos donos de nossos filhos, que eles podem e tem suas vontades, e por mais que sejam pequenos e dependentes de nós,  o corpo é deles! Deixemos eles serem livres para explorá-lo,  pela mão na boca, o pé na boca…É mais fácil se aceitamos que na fase oral TUDO vai acabar na boca!   

Precisando ajuda?

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Texto de Zioneth Garcia.

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