Chegou a hora de começar a introdução de alimentos sólidos para o seu bebê e a primeira dúvida que vem na cabeça é como? uma breve procura ao redor e surgem opiniões de todos os cantos. A nossa cabeça fica mais confusa ainda: Qual método para a introdução de alimentos sólidos será o melhor: tradicional, usando papinhas; Baby Led weaning (BLW) ou participativa (BLISS)?
Introdução alimentar: iniciando a alimentação complementar
A resposta é mais simples do que parece, a ciência vem para nos mostrar que as coisas que achávamos certo são realmente certas. Entre dar papinhas, fazer BLW ou uma alimentação participativa (BLISS) não tem melhor ou pior, são apenas jeitos diferentes de chegar ao mesmo lugar.
Então faça do jeito que melhor funciona para você, para sua família e para seu bebê (você pode querer dar papinhas mas ele quer comer pedaços, ou vice-versa). A ideia é que a alimentação seja um momento familiar e feliz. Só não esqueça que até um ano o leite continua sendo a principal fonte de nutricional, e que os alimentos que estão sendo introduzidos são COMPLEMENTARES e ainda não vão substituir o aleitamento. E que comer bem de dia, isto é ter boas mamadas e alimentos complementares na quantidade certa -nem mais nem menos- é essencial para ter um bom descanso a noite e melhorar o comportamento ao longo do dia todo.
Papinhas, BLW ou participativa (BLISS): qual é melhor?
Vou deixar para vocês um Fragmento do Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Nutrologia “A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning)” que podem encontrar disponível aqui
“…A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem orientações publicadas no Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia, disponível desde 2006 e atualizado em 2012, contendo informações abrangentes sobre o processo de início da Alimentação Complementar (AC), tanto do ponto de vista nutricional como comportamental:
• A evolução da consistência deve ser gradual: oferecidos inicialmente em forma de papas;
• Todos os grupos alimentares devem ser oferecidos a partir da primeira papa principal;
• A refeição deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar;
• O ritmo da criança deve ser respeitado, de acordo com o desenvolvimento neuropsicomotor;
Recomenda-se o uso do nome papa principal e não papa salgada. Além desta recomendação, o Ministério da Saúde (MS) publicou a segunda edição do Guia Alimentar para crianças menores de dois anos que também destaca os seguintes tópicos:
• A consistência dos alimentos complementares deve ser oferecida de forma crescente: pastosa, papa e purê;
• A partir de 8 meses a criança pode receber os alimentos da família amassados, triturados, desfiados ou cortados em pequenos pedaços;
• A alimentação complementar complementa o leite materno e não o substitui;
• Deve-se incentivar a criança a comer nos horários de refeições da família;
• Atenção especial às práticas comportamentais, posturais e ambientais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se pronuncia a respeito da AC, incentivando práticas responsivas para o sucesso na introdução de novos alimentos. Há orientações para que os pais identifiquem e respeitem os sinais de fome e saciedade, incentivem o lactente para que ele seja ativo e interativo durante as refeições, com a atenção voltada totalmente para o momento.
Além das recomendações publicadas oficialmente por comitês profissionais, há outras abordagens de Alimentação Complementar sendo difundidas pela internet como, por exemplo, o Baby-Led Weaning (BLW) que significa: o desmame guiado pelo bebê. Assumindo os grandes questionamentos dos pais e dos profissionais de saúde relativos ao BLW, como risco de engasgo, e de baixa oferta de ferro e de calorias, um grupo de estudiosos neozelandeses, criou uma versão chamada Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS), que significa Introdução aos Sólidos Guiada pelo Bebê. Entre as orientações do BLISS estão:
- Oferecer alimentos cortados em pedaços grandes, que o lactente consiga pegar sozinho;
- Garantir a oferta de um alimento rico em ferro em cada refeição;
- Ofertar um alimento rico em calorias em cada refeição;
- Oferecer alimentos preparados de uma forma que reduza o risco de engasgo e evitar os alimentos listados como alto risco de aspiração;
- Experimentar sempre o alimento antes de oferecer ao lactente, para verificar se não forma um bolo dentro da cavidade oral;
- Evitar alimentos redondos ou em formato de moedas;
- Garantir sempre que o lactente esteja sentado, ereto e sob supervisão contínua de um adulto.

Em comparação ao BLW, o grupo BLISS apresenta orientações semelhantes. Desde o primeiro livro, Rapley salienta a importância da segurança, do posicionamento e das práticas comportamentais não coercitivas para a Alimentação Complementar. O importante é ressaltar que não há evidências de que o método tradicional com colher seja menos estimulante ou menos importante, desde que sejam seguidas as orientações da SBP, do MS e da OMS, tanto do ponto de vista nutricional como comportamental.
Não há evidências e trabalhos publicados em quantidade e qualidade suficientes para afirmar que os métodos BLW ou BLISS sejam as únicas formas corretas de introdução alimentar. As orientações fornecidas pelos autores são coerentes com o desenvolvimento infantil, mas, limitar um processo complexo a uma única abordagem pode não ser factível para muitas famílias, e, portanto, não pode ser endossado – como forma única de alimentação infantil – pelo Departamento de Nutrologia da SBP.
O Departamento de Nutrologia da SBP continua enfatizando suas orientações, já anteriormente publicadas, de respeitar o ritmo de desenvolvimento neuropsicomotor de cada lactente; como regra geral, a introdução alimentar deverá iniciar aos seis meses de vida, tanto para lactentes em aleitamento materno como para os alimentados com fórmulas infantis. Ressalta-se ainda, que, desde o início da AC, é importante que essa seja junto com as refeições em família, incentivando a interação entre os membros da casa. Nesta fase, é de suma importância que os pais sejam orientados a ser o exemplo de hábitos alimentares saudáveis e a munirem-se de paciência, respeitando os limites impostos pela baixa idade, sempre agindo como um facilitador no processo de alimentação, proporcionando um ambiente tranquilo sem a utilização de estratégias coercitivas ou punitivas. Uma frase pode ser o resumo desta orientação: Comer junto e não dar de comer.“
Então pessoal sejam felizes e escolham o melhor para vocês. Aqui pelo menos fiz uma mistura de BLW com introdução na forma tradicional com minha primeira filha , ela começou na escolinha com 5 meses então foi um processo entre a creche e a casa, já com meu segundo segui o método BLW, ele foi para creche aos 5 meses, mas só começou comer lá após os 7, quando começou período integral, era o único bebê a comer pedaços iguais aos grandinhos de 1 ano, e não aceitava (até hoje não aceita) comida na boca. Sinto que a autonomia e autoconfiança que a criança ganha é maravilhosa de se ver quando se usa BLW.
MAS tem muita coisinha que não nos contam, como o banho após cada refeição, como o chão onde o bebê come fica imundo (igual à roupa dele), como fica difícil controlar as mãozinhas para pegar comidas da mesa (do prato dos outros do meio da mesa). Então cabe avaliar o que se adapta dentro da sua rotina, dentro da sua realidade familiar e dentro das suas capacidades (se você tem neura por limpeza então é bom re-avaliar o BLW).
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Texto adaptado por Zioneth Garcia.
Referências
Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Nutrologia. A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning).
Muito bom
Parabéns
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🥰 que bom que gostou
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