No dia 25 de novembro comemora-se o Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher. Trouxe um texto da Christiane Nóbrega , que nos convida pensar sobre o assunto, e nos dá dicas valiosas de textos para conseguir trabalhar o assunto com nossos filhos.
Sejamos todos feministas
Por Christiane Nóbrega,
Lembram do caso de um famoso cantor sertanejo que primeiro negou a agressão, depois que a polícia o indiciou e afirmou ter obtido imagens do circuito de vídeo. Após a divulgação que haviam imagens, ele não só assumiu como disse que faria de novo. Gente, ele CHUTOU uma grávida! Ou daquele outro que tocou a genitália de uma mulher. Após a denúncia, ele negou veementemente. Diante da reação do público e das colegas de trabalho, recuou. Confessou e pediu desculpas. Gente, ele TOCOU sem consentimento a genitália de uma colega de trabalho.
São dois exemplos. Só dois. E no dia-a-dia? Quem de nós nunca ouviu um comentário abusivo sobre nossa aparência? – Aê, gostosa! … – Fiu-fiu!
–E sobre nossa capacidade? – Você dirige essa caminhonete?
– Mora só? Sério? E se aparecer uma barata? Uma lâmpada queimar?
– Viaja só? Não é perigoso?
– Prefiro médicOs.

E quando nós reproduzimos esse discurso para nossos filhos e filhas agindo assim, por exemplo:
– dando rosa pra menina e azul pro menino; boneca pra menina e carrinho pro menino
Basta um passeio nos corredores das lojas de brinquedo para ver as infinitas possibilidades dadas aos homens e as limitadas opções às meninas.
– Menina não solta pipa!
– Mocinha não senta assim!
– Mocinha não pode brincar na rua e tem que ajudar em casa.
A reprodução da cultura machista está entranhada em todos nós e precisamos urgente romper com a transmissão desses valores tão equivocados.
Outro dia Samuel chegou até mim chorando porque a Kemelly, sobrinha da minha diarista, disse que ele não podia brincar de boneca e tomou a “filha dele”.
Lá vai eu:
– Kemelly, por que ele não pode?
– Porque boneca, tia, é pra meninas.
Como eu sabia que o pai dela cuida um pouco dela, fui pra esse lado:
– Mas, meu amor, seu pai é menino e cuida de você. E você sabia que sou menina e tenho um carro. Quer vê-lo? – pronto! Acabamos o papo com a promessa de que a compraria um carro de brinquedo, mas ela queria rosa, tudo bem. Promessa cumprida.

Mas aí alguém aí pode estar pensando: “que exagero! Comparar essas questões com violência!” Não, não é exagero. Digo por que. A partir do momento que você limita as opções das mulheres e dá total liberdade aos homens, você está alimentando uma sociedade desigual. Onde um é mais, pode mais que o outro. Um pode tudo, a outra só algumas coisas. Feminismo trata disso, trata de igualdade. Ambos poderem o mesmo tanto.
Esqueça quando falaram que feminismo era coisa de mulher mal-amada e que não gosta de homem, que nem se depila, que não é religiosa, que não gosta de fazer unha , que não gosta de vestido e que não gosta de saia. Não é isso! Feminismo, repito, trata de igualdade e de liberdade de escolha, exatamente para que nós mulheres possamos escolher.
Se a menina quer bola, tudo bem. Se o menino quer boneca, tudo bem também. Se a menina quer ser dona de casa, tudo bem! Quer depilar, tudo bem! Entendem?

Tem dois pequenos grandes livros maravilhosos sobre o assunto, dessa vez, livros para nós adultas e adultos, ambos da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adiche, “Sejamos todos feministas” e “Para educar crianças feministas – um manifesto”, ambos editados pela Companhia das Letras. O primeiro, Chimamanda escreveu para um discurso e, com maestria, ela nos leva a refletir sobre a necessidade de sermos feministas.
O segundo, ela escreveu a uma amiga de infância, Ijeawele, que lhe perguntou como criar sua filha feminista. Vale cada dica! Ela desconstrói vários estereótipos do feminismo e numa leveza e clareza ímpar, conduz o leitor a refletir sobre questões muito profundas e significativas em inacreditáveis 79 páginas de um livro de bolso!

Li, reli, grifei, e estou tomando para vida. Porque ser feminista e ensinar nossos filhos a sê-lo é fundamental para que tenhamos um mundo mais justo e, principalmente, para que casos como do cantor que chutou a grávida e do autor que abusou da figurinista não sejam mais que histórias de um triste passado.

Christiane Nóbrega é brasiliense e advogada. Mãe de três, todos com alergia alimentar. Diante das dificuldades e, sobretudo, da solidariedade que encontrou pelos caminhos da APLV, resolveu ajudar outras pessoas assim como fizeram com ela, e uma das formas que encontrou foi escrevendo e contando histórias. Tem três livros publicados: “Júlio, um dinossauro muito especial”, lançado em junho de 2016, e “A Branca de Leite” lançado em agosto de 2017, e “Fios” lançado em 2019 . Adquira os livros da autora aqui
Não deixe de visitar o site https://christianenobrega.com.br/
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