Socorro, meu filho não quer fazer cocô no vaso!

Seu pequeno ou pequena parece ter dominado com maestria a arte de fazer xixi no vaso ou penico, avisa direitinho e não deixa escapar nem uma gotinha de xixi. Um feito e tanto, a criança certamente deve ficar muito orgulhosa, deve estar se sentindo grande!

Mas aí vem o cocô e ops! Aquela criança segura se transforma. No melhor dos casos pede fralda >> “Fralda mamãe!”, “Mamãe, mamãe cocô….  não vaso não, fralda!”<< ou então se esconde em algum cantinho da casa e faz cocô na roupa mesmo. Aqui  os locais preferidos eram embaixo de mesas, atrás do sofá ou no próprio quarto. No pior dos casos segura, e segura, até a mãe perceber o sofrimento e colocar a fralda ou tomar qualquer outra providência.  Por que será que isto acontece? Aqui foram dois desfraldes, e rolou assim, sempre acompanho os posts de desfralde nos grupos de mães e já perdi a conta dos relatos no grupo de discussão com a mesma situação, mulheres procurando orientação com esse mesmo problema.

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Então, vamos lá, que tal pensarmos a fundo nessa situação. O xixi é o primeiro a ser dominado, a criança tem inúmeras oportunidades para praticar durante o dia, a sensação de bexiga cheia é inconfundível, e na hora de ir é rapidinho, não se perde muito tempo, vapt vupt, apontou – saiu,  sentou – saiu. Coisa de uns poucos minutos. Quando a criança está muito ocupada, concentrada em sua principal atividade – brincar- não pode se dar ao luxo de perder tempo no banheiro. Mas esses poucos minutos para mostrar a si mesma, e à mamãe, papai ou educadores como é grande e capaz, valem a pena o sacrifício!

Mas o cocô, esse  é diferente, são poucas oportunidades de praticar, uma, quiçá duas vezes ao dia, e não raramente apenas uma vez cada dois ou três dias.  O cocô exige da criança mais atenção aos sinais corporais, que podem ser mais tênues e difusas. Uma coliquinha, uma dorzinha baixa, uma pressão no reto, aquela sensação de fazer força. O cocô exige da criança mais paciência, exige concentração, capacidade de relaxar e principalmente de tempo, algo que nossos pequenos raramente costumam ter.  Adicionalmente, o cocô exige dele um desprendimento. Diferente da urina, as fezes são sólidas, tangíveis, são um produto do corpo da criança, são dela, seu corpo que fez, porque ia querer deixar? Deixar as fezes irem embora pode ser difícil. Não é raro, a criança só conseguir fazer cocô no banheiro da sua casa por um bom tempo, segurando quando está na escolinha, na rua ou mesmo viajando. Muitas crianças (até mesmo muitas pessoas adultas) só evacuam em um determinado local, no seu banheiro!

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Mr. Hankey Family- South park

A cabecinha de nossos pequenos nessa fase é cheia de caminhos, cheias de fantasias, a sua imaginação é solo fértil, qualquer sementinha, mesmo jogada inconscientemente, brota rapidamente. Isto pode ser uma ferramenta usada a favor ou pode virar um grande obstáculo. A privada pode ser tanto um monstro come cocô malvado, ou pode ser o lindo lar dos cocôs. Meu filho sempre falava tchau para o cocô, um dia me disse que seu cocô nenê ia se encontrar com o cocô mamãe, irmã e papai…. Onde ele ouviu isso? Eu sei lá! Saiu de sua cabecinha, e foi só quando ele elaborou essa explicação que se permitiu fazer o cocô na privada com calma.  

Então, se o controle do esfíncter uretral requer o desenvolvimento de três dimensões básicas, o controle do esfíncter anal requer além dessas competências, o desenvolvimento de paciência e uma certa noção de desprendimento. A criança precisa saber que pode fazer, entender como fazer e querer fazer. Mães, pais e educadores precisamos mostrar para a criança que pode sim fazer, se sentindo segura, explicar com diferentes linguagens para a criança entender quando, como e onde deve fazer,  e a persuadir repetidamente para que ela queira mesmo fazer. Não adianta forçar, mesmo quando a criança sabe que pode, entende o como, se ela não quer, porque sente medo, insegurança, ou mesmo dor, ela vai segurar. Se a criança segura, é preferível colocar a fralda de volta e insistir na persuasão positiva mais um pouquinho, do que tentar forçar fazer na privada e acabar com uma evacuação dolorida e traumática.

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Texto por Zioneth Garcia.

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