Muitas famílias que tiveram bebês nascidos durante a pandemia estão enfrentando também a volta ao trabalho após a licença maternidade, ainda na modalidade home office , o que aparentemente parece mais fácil, tem se revelado um verdadeiro desafio. Como combinar o trabalho que precisa de disponibilidade e concentração em horários regulares com os cuidados do bebê que precisa atenção constante? Sem dúvida é preciso ajuda!
Por mais que nos vendam a ideia que mulheres somos multitarefas, na realidade precisamos nos concentrar em uma coisa de cada vez, como o resto dos mortais, para não ficar com aquela sensação de fazer tudo pela metade ou mal feito. A cobrança excessiva pode nos deixar na beira de um colapso nervoso, ou experimentar uma síndrome Burnout.
A romanização do trabalho em casa tem levado a criar expectativas sobre o comportamento e atitudes dos bebês que não estão acordes à realidade. Sinto muito falar, mas é preciso explicar já que se não descobrem agora vão descobrir depois: o bebê não vai ficar brincando sozinho enquanto você faz aquela ligação importante, ele não vai dormir na hora que você precisa trabalhar para entregar a demanda do dia, ele não vai mamar rapidinho para você voltar ao seu trabalho. Mais provável que seu bebê queira prender a sua atenção e comece balbuciar, gritar e chorar lhe impedindo de dar completa atenção à pessoa que conversa com você no telefone. É mais provável que seu bebê perceba que ao mamar tem você só para ele(a) e estenda as mamadas que antes eram rapidinhas, que as sonecas antes bem certinhas comecem ficar bagunçadas, afetando até mesmo a noite de sono . Essa nova dinâmica de voltar ao trabalho, mesmo em home office, significa também que a atenção da mamãe que antes era exclusiva vai estar dividida. Tomar consciência dessa realidade vai lhe permitir planejar direitinho para evitar o estresse na sua volta ao trabalho. Veja a seguir algumas dicas para essa fase:

10 Dicas para preparar a volta ao trabalho em “home office” durante a pandemia
1- Converse com seu empregador. Saiba quais serão as condições de sua volta ao trabalho na situação atual. Algumas empresas estão antecipando as férias das funcionárias. Outras estão reduzindo a carga horaria ou remanejando funções. Pelo menos 3 semanas antes de sua volta efetiva se atualize bem sobre como está sendo esse processo. É tudo novo, não só para você mas para as empresas também.
2- Acione sua rede de apoio, para lhe apoiar com os cuidados com seu bebê enquanto você trabalha. Essa pessoa precisa estar disponível algumas semanas antes da sua volta efetiva para que possam conduzir uma adaptação gradual.
3- Prepare um ambiente em casa que funcione como seu escritório, que tenha uma porta que possa ser fechada e lhe permita se afastar durante o tempo de trabalho. Mesmo em home office, vai ser necessário se afastar para trabalhar. Ficando em um cômodo de porta fechada, longe do alcance da vista da criança, conseguirá tornar mais eficiente seu tempo de trabalho e evita múltiplas despedidas dentro de um mesmo período. Deve considerar que cada despedida é um novo pico de estresse, a criança não entende que sua mãe está presente e não está disponível. Ela vai procurar sua atenção constantemente enquanto lhe veja por perto, dificultando a aproximação de qualquer outra pessoa para cuidar dela.
4- Organize a rotina da criança, avalie o sono e a efetividade de mamadas. Observem seus pequenos rituais: hora de acordar, hora de mamar, hora de dormir, hora de brincar. Mais que horários, é importante estabelecer sequencias repetitivas de atividades dentro dos intervalos que se encontra acordada. A repetição e previsibilidade da rotina lhe ajuda ganhar segurança, e facilitará a adaptação aos cuidados de terceiros. Sabendo a rotina da criança, quem ficar com ela saberá exatamente o que precisa ofertar/fazer com ela para satisfazer suas necessidades oportunamente.
5- Dedique uma a duas semanas para acompanhar a adaptação à nova cuidadora, assim você e ela poderão analisar a situação e ajustar a rotina e os diferentes jeitos de oferecer o Leite materno e colocar para dormir na sua ausência. A ideia da adaptação é ir deixando a criança sozinha com essa pessoa, aumentando gradativamente o tempo que ficarão sem você. Inicialmente serão por períodos de segundos ou minutos com você no campo visual ou auditivo, e esses períodos irão aumentando gradualmente até chegar ao total da sua jornada de trabalho.

6- Ao deixar a criança aos cuidados de outra pessoa evite a transferência de colo. Essa transferência pode a deixar à defensiva e dificultar a aceitação dessa outra pessoa. É melhor que ela seja levantada e consolada após deixada no chão, carrinho ou cadeirinha de descanso. Faça despedidas rápidas, é melhor sair e voltar em poucos minutos, enfatizando que a mãe voltou, do que tentar consolar a criança no colo de outra pessoa.
7- Lembre que a atenção da criança não será focada por mais de 10-15 minutos nessa fase, ela pedirá com barulhos, resmungos ou choro, a troca de atividade, de objetos, de ambiente, ou de interação. Criança se desenvolvem socialmente, elas querem interação, procuram o contato humano constantemente. Mais que brinquedos, prepare os ambientes da casa para que ela possa estar junto dos cuidadores enquanto eles realizam suas tarefas domesticas. disposição para evitar a poluição do ambiente, apresentado grupos de 2-3 brinquedos de cada vez, fazendo troca destes itens disponíveis ao longo do dia.
8- Não precisa se preocupar pela forma como ela come, mama ou dorme com você. O comportamento da criança é pessoa específico, eles desenvolvem forma diferentes de se relacionar com cada uma das pessoas no seu ambiente. Cada um dos cuidadores ( pai, mãe, avó, babá) vão ter seu sistema de brincar, relaxar, alimentar e adormecer, conduzindo o processo a cada soneca. A adaptação gradual permite que seu bebê e essas novas pessoas que vão cuidar dela estabeleçam esse sistema sem estresse.
9- O aleitamento, mesmo fora do seio, deve ser uma experiência prazerosa para criança, estar no colo, conversando, tendo o seu ritmo respeitado, sem pressa. Se for preciso fazendo pequenas pausas, oferecendo o leite de forma mais passiva, para garantir que tome o suficiente, até ficar satisfeita. Os métodos alternativos de aleitamento devem ser testados pela pessoa que irá cuidar, lembrando de fazer pausas ao oferecer o leite, para garantir que a quantidade seja adequada.
10 – Se o objetivo é manter a amamentação por um longo tempo, fique longe dos bicos artificiais, mamadeiras (mesmo as que imitam peito) e chupetas podem trazer o risco da confusão de bicos. Alguns bebês incluso, podem rejeitar a mamadeira apenas por não conhecer a forma de sugar dela, já que sempre mamaram no seio. Isto não é um problema, existem muitas outras formas de ofertar o leite. Veja métodos alternativos a mamadeira para oferecer o leite.
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Texto original de Zioneth Garcia