Bebês foram feitos para ficar com a mãe, principalmente os recém-nascidos. Seja no colo ou deitado junto ao lado dela, um bebê não entende nada de vícios, nem de maus costumes. Os bebês estão programados pela natureza através de milhares de anos de evolução da espécie humana para garantir a sua sobrevivência, e para isso o cuidado e a proteção da mãe é fundamental.
Choro é sobrevivência
Os bebês têm um mecanismo de defesa ancestral inato, que foi muito útil para se defender dos possíveis predadores de nossos antepassados das cavernas. Ao acordarem e se sentirem completamente sozinhos, como no berço/carrinho, eles choram e gritam a plenos pulmões, pois não sabem que a mãe está no quarto ao lado e que em nossa casa não há bestas e feras à espreita. Justamente, as mães das cavernas estavam sempre com o bebê no colo, no peito e dessa forma o choro não poderia trazer atenção indesejada.

O choro é para ser irritante mesmo, se ele fosse melodioso a mãe não se importaria em deixar o bebê chorar, mas não é assim, é irritante, cansativo e estressante ter um bebê chorando em casa justamente para que a mãe ou os adultos ao redor procurem atender e solucionar a razão desse choro. O choro é o único mecanismo do bebê para se comunicar até que tenha idade para usar outras formas de linguagem. Deixar a criança a chorar é uma forma antinatural de agir com nossos filhos. O que seria do bebê das cavernas se a mãe o deixasse sozinho e chorando num canto? Não teríamos chegado até aqui, com certeza. A nossa espécie não teria sido bem sucedida.
Razões para chorar não faltam
Existem muitas razões para um bebê chorar, desde a que sempre pensamos, como fome ou cólica, até causas impensáveis como uma simples etiqueta coçando dentro da roupinha, uma nova sensação – frio, calor, suor, coceira – ou mesmo solidão e necessidade de se sentir seguro novamente. Cabe a nós procurarmos a razão de cada choro em cada momento do dia. E vamos combinar que temos mania de reduzir o bebê a um tubo digestivo, chorou? ahhh, é fome, é cólica, é gases, ou fralda suja. Bebês novinhos também choram pela saudade da mãe, mesmo que ela esteja a pouco metros, eles não enxergam direito, não sabem que ela está junto a menos que sintam seu cheiro e seu calor.
O nascimento é por si só uma enorme mudança na vida do bebê; até então ele vivia no paraíso: sem frio o calor, sem sede, fome ou cansaço, sempre acompanhado pela voz e o ritmo constante do coração da sua mãe. Quando nasce, chega a um mundo onde tudo ao seu redor é novo e confuso, passou da água para o ar, do aconchego para a solidão; agora conhecerá o frio e o calor, a fome, a sede, a sensação da roupa no corpo, da liberdade de movimentos, etc. A única coisa familiar e que consegue lhe oferecer a sensação de segurança e proteção que tinha no útero é o colo e o seio da sua mãe, lugar onde consegue ouvir aquele ritmo que o embalava ainda dentro do útero.
Colo sempre resolve
Não tenha medo do colo, do apego, da dependência. Vivemos cobrando “independência” de bebês que mal conseguem entender que nasceram. Claro que manter o bebê no colo pode ser cansativo, por isso muitas culturas fazem uso de diversos modelos de carregadores de bebês, de pano, de fibra vegetal, de pele animal. Hoje nós temos o sling, ele pode ajudar muito na hora de ficar com o bebê perto de nós e manter as mãos livres para comer ou realizar pequenas tarefas em casa. Técnicas simples como a exterogestação, o banho de balde, som de útero podem contribuir para acalmar o bebê , mas a única fórmula infalível para ter um bebê calmo, bem estimulado e mamando na frequência certa é simples: contato físico, colo e seio materno em livre demanda.
Referências
Dr. Carlos Gonzalez. Besame mucho. 2003 (tradução português 2015). Editora Timo
Dr. Harvey Karp. O Bebê mais feliz do pedaço. 2004. Editora Planeta
Elizabeth Pantley. Soluções para noites sem choro. 2002 (Tradução português 2003). MBooks.
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*Texto original de Zioneth Garcia.
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