Pronto Socorro: quando levar a criança?

O frio chegou e os problemas de saúde nas crianças parecem se intensificar. É resfriado, mão – pé- boca, dor de garganta, bronquiolites. Viroses e mais viroses para todo lado. Socorro! E então nos pais, preocupados ficamos naquela incerteza: Leva ou não leva ao pronto socorro. 

Minha amiga e pediatra Dra. Lilian Nakachima Yamada , de Ribeirão Preto, escreveu um texto sobre o tema que vale muita a pena compartilhar com vocês.

Sobre atendimentos em Pronto Socorro em pediatria:  a grande maioria dos motivos é evitável! 

Eu costumo falar que emergência é aquela que os pais chegam de pijamas no plantão. Não deu tempo de pensar em nada a não ser “corre!”. Se der tempo de pensar “será que vamos? Será que ligo pro pediatra dele?”  já é quase uma consulta de consultório e não vale o desespero. Aqui cabe uma outra etapa pré pronto socorro. Antes de sair pro plantão pense: “seu pediatra de seguimento foi consultado?”. Em muitos casos uma orientação apenas já poupa a família de uma ida ao plantão. O estresse de ficar com uma criança em fila de espera expondo a mesma a todo tipo de infecção pode e deve ser evitado. Crianças não têm o sistema imunológico maduro, ficam doentes constantemente, levadas constantemente ao plantão pegarão infecção em dose dupla, certo?

É importante que as crianças façam seguimento de pediatria geral com assiduidade (sugestão de seguimento abaixo na tabela). Sendo esses atendimentos o mínimo necessário, mas havendo intercorrências ou doenças crônicas aproximar as consultas. Prevenção é ainda o melhor tratamento.

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O motivo da maioria das idas ao PS é febre. Mas nem toda febre é grave e precisa ser imediatamente vista em plantão. As vezes é preciso deixar a febre evoluir para que apareçam outros sintomas e tornar possível o diagnostico.

Outras causas de visitas ao pronto socorro, são acidentes. De todos os tipos: quedas da própria altura, do carrinho, do bebê conforto, do colo, do trocador, da cama, da escada, do andador, da mesa, do sofá, da estante, do portão, do muro, do telhado (já vi todos…), ingestão ou aspiração de corpos estranhos (também adoram colocar “ de um tudo” dentro das narinas e orelhas), intoxicação medicamentosa/ material de limpeza/venenos, afogamento, atropelamentos e acidentes de trânsito. Ou seja, nada que não pudesse ser prevenido. No site www.criancasegura.org.br vocês podem ler sobre prevenção de acidentes.

Importante também lembrar de picadas de escorpião, aranha, cobra. Limpeza da casa e dos terrenos ao redor é fundamental. Algumas dessas picadas podem matar e necessitam de atendimento imediato. Sem contar Dengue, febre chikungunya e Zyka vírus, que são todos “primos entre si” sendo transmitidos de pessoa a pessoa por uma ponte extremamente forte e robusta chamada mosquito (um espacinho para ironia). Infecções que se auto resolvem, mas até lá requerem atendimento, medicação e soro endovenoso muitas vezes, mas da mesma forma PREVENÍVEL!

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Viu como temos como evitar tantas idas aos pronto socorros? Lembrando que o adulto é o responsável por fazer o melhor por essa criança   que não sabe se cuidar sozinha. Então diante de algo que saia do controle, na medida do possível, AJUDE a criança, mantenha um mínimo de calma para os pensamentos poderem se converter em atitudes produtivas. Diante de algo que lhe pareça grave reflita sobre possíveis causas e fatores de piora para retirar estes de perto da criança para que ela não piore (ex: crise de asma numa criança brincando com cachorro que lhe dá alergia).

Mas se não teve jeito e precisou levar ao serviço de pronto atendimento mais próximo, vale lembrar de algumas definições importantes:

Emergência é aquele caso que há sofrimento intenso ou risco de lesão permanente e/ou ameaça real à vida. Aqui obviamente há necessidade de tratamento médico imediato. Exemplos: parada cardiorrespiratória, grandes hemorragias, desmaios, convulsões, traumatismos como atropelamentos, quedas de grandes alturas, afogamento, entre outros..

Urgência é uma situação onde há necessidade de atendimento rápido, no menor tempo possível, para se evitar complicações e sofrimento.  São exemplos de urgência: falta de ar, desidratação (gastroenterite aguda), febre em recém nascido, febre em crianças maiores há mais de 24hs ou menos que 24hs com queda do estado geral, dores abdominais graves, descompensação de doenças crônicas (cardiopatias, onco hematológicas, doenças renais, diabetes, asma, etc), entre outros.

Recentemente os serviços de saúde foram organizados para triar os pacientes e classificá-los por “condições de risco”. Por isso muitas vezes estamos lá esperando e “passam alguém na frente”. Isso acontece porque o triador baseado em escalas de gravidade classifica os atendimentos. São usados os “ Critérios de Manchester”: 

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Por exemplo: criança com crise convulsiva (emergência) não pode esperar, assim todos os resfriados (pouco urgente) esperarão até que a “fila” possa voltar a andar de onde parou. Ah, então só vamos para o Pronto Socorro quando estiver tão grave a ponto de ser prioridade? Não. Também não é assim, apenas devemos entender que em um serviço médico a ordem de chegada não é o sistema de classificação mais adequado. Se um dia você estiver numa situação real de emergência também será beneficiado.  Casos de pouca urgência são  pacientes que precisam de atendimento médico, mas poderiam ser assistidos no consultório enquanto os que não são urgentes devem preferencialmente, ser acompanhado no consultório médico. Assim, uma conversa e consulta com seu pediatra pode ser melhor que correr ao PS. 

Texto de Dra. Lilian Nakachima Yamada  escrito originalmente para o Geração Mãe em 16/11/2015, cedido gentilmente pela autora para o Mães com Ciência.

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Dra. Lilian Nakachima Yamada é médica pela FAMERP (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – autarquia estadual) em 2001. Pediatra pelo HCFMRP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto SP), oncopediatra pelo HCFMRP, Hematopediatra pela Hospital São Paulo/ Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Estudiosa sobre o Transtorno do Espectro Autista desde 2009. Atendendo casos novos de atrasos de desenvolvimento desde 2011. Realiza atendimentos em pediatria geral e suspeitas de autismo pela Unimed e particular.

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