10 condutas que ajudam prevenir as crises de choro ou “birras” nas crianças

Crises de choro são normais nas crianças, acontecem em todos os lares com filhos! Acredite, não é só com você, não é só na sua casa, até crianças francesas fazem uma “manha” de vez enquanto. Pode até mudar a forma que vem as crises de uma casa para outra, uns se jogam no chão, outros gritam, outros batem ou mordem quem estiver com ele, ou se batem eles mesmos. O único certo é que todos os pais teremos que lidar com essas crises alguma vez na vida de nossos filhos.

Antes de mais nada precisamos entender a fase de desenvolvimento na que se encontra
nosso pequeno, por isso quero te convidar a ler aqui  entendendo as crises de choro ou “birras”  

E o quê fazer para prevenir essas crises de choro? Nem sempre conseguimos prever qual situação vai chatear nosso pequeno, mas podemos nos garantir controlando as que sabemos tem potencial para lhe deixar irritado e impaciente. Nos antecipar às necessidades e situações que podem deixar potencialmente nossos filhos fora de si. Por isso,  aqui vão 10 condutas para a prevenção de crises, uteis em qualquer idade 

Prevenção de crises de choro ou “Birras”


1- Garanta a satisfação das necessidades básicas: fome, sede, sono, cansaço, afeto, ATENÇÃO.

2- Comece usar o NÃO com critério. Não é uma palavra com bastante força, e deve ser usada com moderação. Toda vez que a criança ouve um “Não pode” há altas chances de ficar bem chateada, frustrada e virar uma crise de choro, com o tempo e a repetição de crises você pode acabar cedendo quando o pedido for irrelevante, o que acaba tirando o poder do NÃO e quando for preciso mesmo que o “não” seja respeitado pode ser ignorado . Então, que tal começar usar outras alternativas para o “não”,no lugar de dizer o que não pode fale o que pode. Por exemplo, “não pode mão na tomada”, fale “faz dodói” “perigoso” “pode brincar com ….” ou melhor, para acabar de vez com a curiosidade, vai até o bebê e ofereça uma exploração dirigida deixando bem claro através da repetição que é perigoso, acabando a exploração ofereça algo bem legal como alternativa para brincar … “vamos brincar com as panelas”

Foto por NEOSiAM 2020 em Pexels.com

3- Evite situações desgastantes para a criança. Saídas bem no horário da soneca, após a escolinha, ou perto da hora da refeição (se não forem para comer) podem ser bem estressantes para a criança, que está cansada ou com fome, então evite colocar a criança em situações estressantes. Para nos já é estressante termos que sair de casa quando estamos cansados, imagine para seu filho! Bom senso, se precisa mesmo sair nesses horários críticos, então tenha muita mais paciência do que de costume, e se prepare para enfrentar possíveis crises. Ahhh aquela festa de casamento que queria ir então? Vá, mas prepare seu filho, seja fazendo ele dormir antes para ficar bem disposto conversando bastante sobre como será lá e o que espera dele, se prepare levando um arsenal de brinquedos ou comidinhas que possam oferecer conforto ao seu filho, ou mesmo avaliando todas as alternativas (ele precisa mesmo ir numa festa que acabará 4-5 hs da manhã? Uma babá será que não rola? poderá arrumar um cantinho para dormir se ficar cansado? você está disposta sair antes do fim caso ele se mostrar irritado?  )

4- Tenha roteiros de atividades diárias. A rotina é essencial para manter as crianças mais calmas, saber o que vem a seguir ajuda diminuir sua ansiedade. É claro que nem sempre podemos fazer tudo ao pé da letra, por isso, minha sugestão é tenha sequências de atividades que marquem os pontos críticos do dia, hora de acordar, hora da refeição, hora de dormir, etc. Se possível tenha essa rotina em forma gráfica onde a criança possa ver, se ela participar criar ou colorir os desenhos melhor ainda. Tente organizar as atividades de forma que depois daquela atividade que pode ter resistência da criança (escovar os dentes, comer, colocar pijama, etc)  tenha uma atividade que ela goste muito, pode ser  coisas simples como lavar as mãos, ler uma historinha, brincar com o papai, sair comprar o pão do café da manhã, assistir um desenho na TV. Dessa forma na hora que estiver fazendo aquilo que precisa ser feito, que sempre tem resistência e potencialmente choro, você irá focar no que virá a seguir, na atividade bacana, “vamos fazer logo isto para irmos fazer o seguinte” … ler um livrinho…qual quer ler hoje?, brincar com o papai ou mamãe “Do quê vamos brincar?” . A mente da criança vai funcionar de forma linear, experimente seguir um roteiro por alguns dias e verá que a mesma criança começa cobrar a sequência de ações ao longo do dia.

Mesmo quando você sair da sua rotina normal mantenha os roteiros, seja porque está de ferias, é final de semana, está com visitas ou viajando, se nas horas críticas mantem o roteiro diminuirá a ansiedade da criança causada pelo desconhecido, se na hora  de dormir por exemplo tem ceia, banho, historinha, cama,  então mantenha essa ordem de ações mesmo quando não estiver na sua rotina cotidiana.

5- Seja um guia de atividade. Oriente, informe, e ofereça alternativas reais. Criar perguntas sobre as atividades que precisam acontecer cria a falsa ilusão de escolha, e pode causar frustração da criança quando se veja obrigada fazer o que deve ser feito. Por exemplo, no lugar de perguntar “vamos tomar banho?” onde você dá a opção de dizer não, quando realmente não existe a possibilidade de ficar sem banho, use melhor “hora do banho” uma afirmação, oferecendo escolha onde realmente há “vai levar o carro ou patinho? “. Costumo falar para as mães virarem “mãe em modus GPS” ou “mãe guia de turismo”. A rotina é essencial, mas nem sempre podemos ficar nela, certo? Às vezes é bom sair dela também. Então um bom exercício é diariamente ir conversando com a criança sobre o que iremos fazer, antecipando o que irá acontecer daqui duas ou três atividades a frente, incluso fazendo recapitulações, que nem a guia de turismo faz em city tour  “visitamos o museu,estamos na avenida X e agora vamos para o shopping, ficaremos lá 1h e depois iremos ao jantar”. Faça isso diariamente, e se possível desde bem novinho seu bebê, assim criará o hábito de falar e ele o hábito de lhe ouvir, na hora que tiver mudanças na rotina poderão ser explicadas e ouvidas

“Já acordou? sim, já fez xixi? sim, já tomou café da manhã? Não, ahh então vamos tomar café e depois vamos tomar um banho para nos vestir, hoje não tem escolinha, é sábado, mas vamos almoçar com a vovó… já pensou quem vamos levar ao chuveiro hoje? vai mostrar o desenho que fez ontem para vovó? ….ahhh, então vamos tomar nosso café rápido para poder ter tempo de brincar no chuveiro e depois de  se vestir pode terminar de desenhar ”.

Foto por Ba Phi em Pexels.com

Se a criança sempre tem resistência na hora do café da manhã e adora banho, é uma ótima forma de incentivar aquilo que precisa ser feito (comer) para ter mais tempo para aquilo que adoramos fazer (brincar no chuveiro). Uma hora critica para muitos é a hora de dormir, então esse é um bom momento para contar o que irá acontecer no dia seguinte, focando nas coisas que ele adora fazer. “Hora de dormir… amanhã é segunda e vai ter escolinha, vai contar para a tia da creche que foi na casa da vovó? … depois da escolinha vamos brincar com tua pista de carros? eu vou ir ao mercado, quer uma caixa para fazermos uma garagem? … então vamos dormir assim amanhã chega rapidinho”

6- Converse com a criança sempre, e explique claramente o que irá acontecer e qual o comportamento que espera dela em cada situação nova. Algumas situações pode criar muito estresse e medo ao desconhecido ou mesmo por traumas anteriores, uma visita ao dentista, um exame de sangue, nova escolinha. Provavelmente irá ter choro, mas pode atenuar o impacto e a intensidade do choro se desde antes explica o que irá acontecer de forma curta e concreta que a criança entenda, e principalmente acolhendo e nomeando os sentimentos da criança “está com medo? eu sei amor, a mamãe vai estar junto, a enfermeira vai tirar sangue de teu bracinho, vai ser um pique aqui e eu vou te segurar no colo o tempo todo, vai ser bem rapidinho, eu sei que você é muito corajoso mas pode chorar e me apertar se estiver com medo”

No dia – dia, avise sempre que forem mudar de atividade para que ele possa ir se preparando, especialmente quando estiver muito distraído em alguma atividade da qual gosta muito, no lugar de simplesmente arrancá-lo do local, avise 5 min antes, 3 min antes e 1 min antes, permita dar tchau ás pessoas e coisas e ai sim vão. “Filho precisamos ir para casa fazer o jantar… em 5 min já vamos, vai recolhendo teus brinquedos…. Filho em 3 min vamos, se joga a ultima vez no escorrega. …. Filho vamos dar tchau aos amigos, tchau amigo, tchau escorrega, outo dia venho brincar… vamos papai está nos esperando em casa. Você vai brincar com ele hoje após o jantar?”

Pode até ter um choro nos primeiro dias que aplica essa técnica, mas com o tempo ele irá entender que é assim que a coisa funciona e começar a colaborar. Como quase tudo a chave é a repetição e a persistência.

Foto por Orione Conceiu00e7u00e3o em Pexels.com

7 – Tenha uma comunicação ativa e constante. Escute o que ele tem a dizer e fale o como você se sentiu durante alguma situação particular, quando estiverem em calma e bem tranquilos, pode ressaltar as coisas positivas do dia ou conversar sobre alguma atitude que precisa correção. Não é muito difícil, fale o fato, como você percebeu que a criança se sentiu, como você se sentiu, como espera que seja no futuro e então façam um acordo ou combinado.

“Sabe lá na loja de brinquedos que fomos comprar o presente do amiguinho hoje? você se jogou no chão e chorou e gritou muito forte porque queria aquele brinquedo, eu sei que você ficou chateado por que não comprei o boneco…. eu também fiquei muito chateada… eu gostaria te dar mas não tinha dinheiro para isso hoje…. nos falamos que íamos comprar o presente do amigo e só. Da próxima vez que tiver festinha você vai querer ir com a mamãe comprar o presente? …. mas não quero  ver você se jogar no chão e chorar assim. Quando for teu aniversario aí sim podemos ir comprar um brinquedo para você, a mamãe vai guardar dinheiro para isso, pode ser? … você quer ajudar a mamãe guardar dinheiro? que tal se arrumamos um cofrinho para você guardar moedinhas?  ”

Eu gosto de pensar que toda crise pode se tornar um oportunidade, nesse exemplo uma birra por não comprar algo se torna a oportunidade para ensinar o valor do dinheiro.  

8- Pergunte a opinião de seu filho com frequência, ofereça alternativas quando a situação permitir , mas não se exceda, limite o universo de escolhas para 2 ou 3 opções entre as que ele possa escolher (roupas, atividades, brinquedos, etc). Ofereça tempo suficiente, coloque um limite de tempo prudente (1 min p.e ) e se ela não conseguir decidir avise que você ira escolher “está demorando, precisam ir, então vou contar até 5 para você decidir ou então eu te ajudo decidir, 1,2,3,4,5…. escolheu? não?, então acho que vamos com esse… -buaaaa quero ou outro- ok, então o outro, da próxima você precisa me dizer quando te perguntar, coloca e vamos na casa da vovó” .


9- Escolha suas batalhas. Às vezes podemos impor condutas ou situações para as crianças sem nem mesmo entendermos o porque delas, apenas porque sempre foi assim. Então tente parar para pensar se vale mesmo brigar por pequenas coisas no dia dia, se não faz mal algum e ninguém perde nada por ceder a um desejo, por que não? Vou dar um exemplo: Meu pequeno gosta de se sentir independente ao abrir a portinha do jardim sempre que saímos, minha filha maior também, às vezes funciona a velha técnica de uma vez de cada um, mas outras o desejo (principalmente do menor) é muito grande, e se minha filha maior sai na frente e abre a porta antes, pronto lá se vão uns quantos minutos de choro, poderia simplesmente ignorar e ir com ele chorando e demorar uns bons minutos para acalmar, mas o que achei mais simples é fechar a porta e deixar ele abrir de novo, perco 10 seg de meu dia e me poupo uns 15 min entre choro e tentativas de acalmar, é tão simples, para o quê nos desgastar com uma batalha desnecessária? Precisa mesmo encarar uma batalha para tentar convencer a criança que não pode vestir a fantasia de princesa ou homem aranha para ir na vovó? Por que?  Que mal faz dar uma olhadinha nos bichinhos da petshop depois de acabar todas suas diligencias no shopping? Que diferença faz para você se a criança quer comer no prato verde e não no azul, para ela pode ser apenas um desejo, não faz mal algum e o importante é que coma certo?  

Muitas vezes ouço que os pais falam, “ahhh mas não pode, nem sempre temos tudo o que queremos, eles tem que aprender isso” e eu concordo, mas a vida sozinha vai se encarregar de ensinar a dor e a frustração de não se ter o que se quer sempre, faz parte de viver, o mundo não vai esquecer de nos mostrar, a rotina diária está cheia de impedimentos e imposições (para nós e para as crianças), então não precisamos ser justamente nós, os pais, a ensinar a dor da vida, acredito que se algo podemos e devemos ensinar aos nossos pequenos é o amor, e que o mundo às vezes também pode ser um lugar gentil.  



10- Por ultimo, mas não menos importante, tenha expectativas reais. Crianças choram mesmo, é assim que comunicam seu desconforto enquanto constroem sua linguagem e um sistema modulador de emoções eficiente (o que vai demorar um bom tempo). Por mais bem intencionada e paciente que seja sua intervenção, se prepare para a criança não gostar de ter uma negativa ou impedimento da sua ação, vai ter careta, beijinho e choro… faz parte, ou você  não ficaria chateado se não conseguisse fazer algo que queria muito? Como já escrevi antes, não é porque a criança se esgoela de chorar que vamos deixar ela pular da sacada do apartamento certo? O que não significa que nossa intervenção para por aí, é claro que esses choros precisam de acolhimento, validação do sentimento, nomeando os sentimentos e direcionando para uma forma correta de expressão, mas cuidado crianças não gostam de sermão (alias acho que ninguém gosta)  nem sempre ela vai querer ter uma longa e reflexiva conversa sobre o que está sentindo, principalmente perto das crises. Ao conversar com seus filhos seja clara e concreta. Use frases curtas, muita repetição e comandos assertivos, sem deixar de ser gentil. “Amor….está acabando o desenho… acabou é  hora do pijama” “acabou é hora do pijama” “coloca o pijama…. depois escovar os dentes” “escovar os dentes…. para ler historinha” ….. “vamos para cama,  hora da historinha”

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Texto original de Zioneth Garcia

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