Fralda de pano

Fraldas de pano modernas: opção pela sustentabilidade

Desde que engravidei a primeira vez tinha certeza: eu não queria que meu bebê fosse um custo para o mundo! Deve ser porque sou Bióloga, ainda meio idealista, que acredita que uma ação repetida milhares de vezes pode fazer a diferença, mas para que isso aconteça temos que tomar uma atitude, fazer escolhas e levá-las para frente. Mesmo que pequena, a atitude de usar fralda de pano com meus filhos pode ser significativa. A seguir, o que eu considerei para tomar essa decisão.

A fralda descartável foi desenvolvida durante a segunda guerra mundial, para que as mulheres pudessem trabalhar enquanto os maridos estavam na guerra. Mas foi oficialmente produzida comercialmente em 1947, quando o senhor George M. Schroder foi contratado pela empresa Henry Frede & Co. para criar a fralda descartável que usa telas, não tecidos. Desde então, a fralda tem evoluído até chegar ao que conhecemos hoje, uma mistura de 46% de polímeros plásticos derivados do petróleo, 49,4 % de polpas como algodão ou celulosa e 4,6% de outros polímeros altamente absorventes com algum gel sólido(1) .

Essa útil invenção não é nada sustentável, em média um bebê gasta, desde que nasce até o desfralde, umas 5000 fraldas; isso significa um gasto de aproximadamente 7000 Reais e uma produção de lixo de quase 2´300.000 cm³ , o equivalente ao espaço ocupado por um beliche(2). Com as fraldas sujas de mil bebês da para encher o volume de uma piscina olímpica. Com as fraldas sujas de 5.624 milhões de bebês dá para ocupar uma área igual à superfície continental do planeta Terra (149,67 Milhões de Km2)(3) . Hoje somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, imaginam quanto espaço ocupam as fraldas de todo esse povo?!!!

Por outro lado, o tempo de decomposição de todas as partes da fralda se estima entre 450 e 600 anos (4,5), o que significa que a primeira fralda criada ainda existe, e que as fraldas que usamos durante apenas dois ou três anos de vida continuaram existindo por mais de meio milênio.

Um problema pouco conhecido pela opinião das mamães é a quantidade de recursos que os governos devem investir para cuidar das fraldas sujas, somente nos Estados Unidos calcula-se que esse gasto já supera 300 milhões de dólares. Outros países optam pela incineração desses resíduos (na Europa principalmente), o que obviamente gera outro tipo de polução, mas na grande maioria de lugares ainda se usam os aterros sanitários (6) . Recentemente, novas propostas pretendem utilizar biotecnologia para auxiliar na decomposição das fraldas(7,1), porém, esta é uma solução que ainda está longe de ser amplamente usada pelos governos do mundo todo, devido aos custos de pesquisa, produção e operação.

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E então o que uma mãe pode fazer para diminuir o impacto ambiental das fraldas de seu bebê? Há pelo menos três soluções: 1) higiene natural ( não usar fraldas), para saber mais sobre esta opção veja o site bebe sem fralda. 2) Uso de fraldas descartáveis ecológicas, que substituem os polímeros derivados do petróleo por polímeros de amido ou celulosa similares aos das sacolas de supermercado biodegradáveis, mas essa é uma opção mais cara. No Brasil existe a marca Wiona, que vende pela internet e revende através de algumas lojas físicas em poucas cidades. Existem outras marcas também muito boas no exterior, mas por serem importados não são fáceis de achar. Quase sempre disponíveis para venda pela internet em sites de fora. 3)  Usar fralda de pano.

Minha escolha foi pelas fraldas de pano, mas não aquela que as avós usavam. Agora a fralda de tecido é bem mais prática e moderna, a mamãe não tem que viver lavando fraldas, são usadas igual as fraldas descartáveis, com a diferença que você lava na máquina de lavar junto das roupinhas do bebê. Alguns modelos permitem usar capas, sendo possível apenas trocar um absorvente que se ajusta à fralda e já. Agora até tem se incluído diferentes tecnologias de tecidos para criar fraldas mais impermeáveis e com camadas que mantêm o bumbum sempre seco. São bonitas e combinam com as roupas e a personalidade do bebê, e são muito mais econômicas (15% do valor mencionado acima são suficientes para usar fraldas de pano até o desfralde). Aqui gastei 1500-1700 reais nas fraldas que usei por quase 6 anos (nos dois filhos) e ainda foram herdadas pela minha sobrina (a vida útil é outro benefício!)

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Fraldas Mamãe Sunny, marca usada por Antonio por 2 a 8 meses, minhas favoritas! 

Há benefícios adicionais no uso das fraldas de pano que qualquer vovó vai confirmar: geram menos assaduras, não é necessário usar pomadas nem talcos, não há perigo de alergia à fralda, são mais frescas e não superaquecem o bumbum, facilitam o reconhecimento do próprio corpo e o desfralde.

Para quem acha que é trabalho demais lavar as fraldas, posso falar da minha experiência pessoal que é o mesmo trabalho e consumo de água de lavar as roupinhas do bebê. O cuidado é muito simples e os benefícios são muitos.

Hoje você encontra vários modelos e marcas de fraldas de pano, com diversidade de tecidos, estampas e ajustes ao seu gosto e de seu bebê. Na verdade não dá para dizer qual marca é melhor, quem usa fralda de pano concordará que cada mãe se ajusta a apaixona por uma determinada marca, e pode mudar de paixão conforme o bebê cresce. Por isso é legal ter de várias marcas diferentes. O maior problema é que vira e mexe aparecem novas estampas, cores ou temas, e você pode querer todas e ainda querer combinar com as roupinhas.

Referências e citações:

  1. Harutoshi OGAI,Kaori MORITA,Hiroshi MORITA,Yukinori TAKABAYASHI, Yichun YEH.2005. The Control Processes of Waste Disposal System For Disposable Diaper Based on Biotechnology. Proceeding of 2005 CACS Automatic Control Conference. Tainan, Taiwan, Nov 18-19, 2005.
  2. Cálculos estimados com base em minhas experiências.
  3. http://planetario.ufsc.br/dados-sobre-o-planeta/
  4. http://www.fec.unicamp.br/~crsfec/tempo_degrada.html
  5. https://www.greenlivingtips.com/articles/waste-decomposition-rates.html
  6. Como alguns países tratam seus resíduos
  7. Yi-Chun Yeh;   Ogawa, M;  Ogai, H.;  Sakiyama, K. 2006. Model Development of Disposable Diapers Disposal Process. Waseda Univ., Fukuoka  SICE-ICASE, 2006. International Joint Conference 18-21 Oct. 2006: 4457 – 4460.

 

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