A pele do recém-nascido e o cordão umbilical são colonizados pelas mesmas bactérias encontradas na pele adulta, elas ajudam no processo de mumificação e queda do umbigo. A higiene precária ou um atendimento não adequado para o recém-nascido podem determinar a presença de outras bactérias patogênicas. Geralmente, o coto umbilical leva de 7 a 15 dias para se desprender da barriga do bebê, sendo que a higiene adequada agiliza o processo. Alguns recém-nascidos apresentam um umbigo grosso e gelatinoso o que poderá retardar sua queda em até 30 dias.
Por muitos anos ouvimos a recomendação de limpar o umbigo do recém nascido com álcool 70° , porém, essa recomendação foi revisada recentemente, novas evidências mostraram que essa prática pode dificultar o processo de mumificação e demorar a queda do umbigo do Recém nascido. Manter o umbigo limpo (com agua e sabão) e bem seco seria suficiente para garantir seu adequado processo de mumificação.

Acordo com a recomendação adoptada pela organização mundial da saúde e recentemente pela Sociedade Brasileira de Pediatria (27/05/2021) , o coto umbilical deve ser mantido limpo e seco, sem uso de nenhum antisséptico (nem mesmo álcool 70°). Apenas lave bem as mãos antes de manipular o umbigo de seu bebê, lavando com agua e sabão na hora do banho, e mantendo ele sempre limpo e seco, sem faixas nem nem curativos. O banho de imersão para o recem nascido , um costume muito presente na cultura latina, pode dificultar a desidratação do tecido do umbigo e favorecer a proliferação de bacterias patogênicas, por isso a recomendação de manter o umbigo limpo e seco significa também evitar o banho de imersão até a queda do umbigo.
O mais recente consenso de cuidado com a pele do recém nascido da sociedade Brasileira de pediatria acolhe as evidências científicas mais recentes, abordadas já nas recomendações da organização mundial da saúde em 2004. Nelas se mostrou que o benefício do uso de antissépticos está presente em regiões com hábitos precários de higiene, porém, não oferece vantagens em relação às recomendações de se manter o coto limpo e seco. Uma meta analise de avaliou 34 ensaios com evidências robustas, envolvendo 69.338 bebês, concluiu que o emprego de soluções anti-sépticas não ofereceu vantagens sobre a manutenção do cordão limpo e seco, como orientado pela OMS( Imdad A Et al., 2013) . Outra pesquisa observou queda mais tardia quando há utilização de anti-sépticos tópicos (Lopez-Medina et al., 2020).

Não precisa acelerar o processo de desprendimento do coto, não o puxe, não use faixas, nem moedas ou botões, e não coloque nenhum curativo fechado. Qualquer alteração na coloração, aspecto ou cheiro, procure o pediatra imediatamente.
A recomendação atual é que o uso de antissépticos como o álcool etílico a 70% ou clorexidina em concentrações de 0,5% a 4% , seja mantido apenas em casos excepcionais, nos que há risco de contaminação por patógenos ou condições insalubres, uma vez que eles são aparentemente eficazes em reduzir ainda mais o risco de infecção, porém, cada caso deve ser avaliado e orientado pelos profissionais, sendo necessário apenas onde as condições são consideradas insalubres ou a higiene normal não sejam suficientes para oferecer proteção.
Referências
Sociedade Brasileira de pediatria. Consenso de cuidados com a pele do recém nascido. 2021