Acabou agosto, mês dedicado à amamentação. Celebramos a semana mundial de aleitamento materno, onde falamos da importância da rede de apoio para obter sucesso na amamentação. E que melhor forma de fechar o mês dourado que com um lindo relato de amamentação, onde se evidência a importância do apoio para a mãe que deseja amamentar conseguir seu proposito.
Relato escrito por Tuana Vieira mãe da Catarina
Relato de parto? Não acredito que o meu seja muito inspirador. A não ser o fato da bolsa ter estourado com 35 semanas, tive um trabalho de parto tranquilo de 6h, com contrações ritmadas e progressivas e processo de dilatação normal. Necessitei analgesia devido ânsias por causa da dor, tomei banho pra aliviar as dores e fiquei exercitando no cavalinho para finalizar a dilatação. Fora isso, e a preocupação com a prematuridade, passamos, eu e meu companheiro, uma madrugada intensa, porém de bom humor e leve, dentro do que era possível. Catarina nasceu as 5h30 de um domingo, com 2,310kg e 45,5cm, forte, com um ótimo pulmão e foi direto para o quarto com a gente. Com essa experiência de parto, se soubesse que seriam todos iguais, poderia ter mais 10 filhos, mas sabemos que não é assim, então bora agradecer que foi de boa.
Mas o que eu realmente queria relatar, é sobre a minha experiência na AMAMENTAÇÃO. Quando estamos grávidas ouvimos um monte de baboseiras e sempre aquelas frases de “nossa, vc quer parto normal? Ah vai doer muito”, “quando nascer da chupeta”, “não deixa acostumar no colo” e blá blá blá. Mas muito pouco se fala sobre a amamentação, no máximo “não tive leite”, “meu leite não sustentava “ e tal. A real é que amamentar é muito difícil e doloroso e vc tem que ser persistente. Claro, assim como meu parto foi ‘fácil’, também tem mulheres que a amamentação flui naturalmente, mas eu não podia ter essa sorte duas vezes na mesma gestação não é?
Eu li muito sobre amamentação durante a gravidez, isso porque já tinha ouvido falar das dificuldades e por seguir páginas de consultoras de amamentação e, na teoria, eu estava cheia de informações. Quando Catarina nasceu, o negócio mudou de figura, e vi que minhas informações não iam fazer nenhum milagre, mas me ajudaram a poder escolher dentre todas as decisões que tomei. Eu estava decidida a amamentar ela até os 6 meses, no mínimo, como indica a OMS.

Na maternidade, desde o primeiro dia eu já possuía leite/colostro, mas ela não possuía o instinto de sugar, possivelmente por ser prematura, então as enfermeiras me ajudavam a retirar o leite e davam pra ela através do “finger” (uma técnica que eles colocam um caninho bem fino no dedinho, a outra extremidade numa seringa e colocam o dedinho na boca da criança, pra ajudar a estimular a sugar), deu certo, em 3 dias elas estava super sugando, mas ainda não sugava quando colocada no peito. Ainda na maternidade, utilizamos bico de silicone pra ajudá-la a puxar meus mamilos pra fora (a maior parte das consultoras de amamentação não indica o uso de bicos artificiais, e analisando agora também não vejo que tenha me ajudado muito no processo). Nos 2 últimos dias na maternidade elas me ensinaram a dar o leite no copinho, caso ela continuasse com dificuldades no peito.
Ao chegar em casa, chorei muito nos primeiros dias pq achava que não conseguiria amamentar ela e que perderia peso. Entrei em contato com meu Anjo1, uma doula que me indicaram para auxiliar na pega e processos de amamentação. Ela veio ver Catarina quando estava com 6 dias, me instruiu com relação a pega, posicionamento e me acolheu lindamente. Conseguimos iniciar a amamentação. Porém em dois dias eu já estava com os mamilos super machucados, chorava toda vez que chegava a hora de amamentar. Ela parecia não abrir a boca o suficiente e continuava a sugar apenas a ponta, me machucando muito.
Eu seguia tirando o leite manualmente e dando em um copinho, mas muitas vezes ela chorava pq queria o acolhimento que sugar o peito traz aos bebês, e isso partia meu coração. Passei o primeiro mês inteiro assim, peito melhorava, dava de mamar, rachava de novo, voltava aos copinhos… Além disso, ela se negava a pegar meu seio esquerdo, queria apenas o direito.

Depois, começou a saga das mastites. A primeira veio aos poucos, porém junto com enxaquecas e fui ao PS pegar a primeira receita de antibióticos e anti-inflamatório. Nessa fase, conheci meu Anjo2, outra doula, que também é terapeuta, que me acolheu numa visão espiritual da minha dificuldade em amamentar. Através dela também tive a oportunidade de conversar com meu Anjo3, uma consultora em amamentação, que me auxiliou a corrigir mais uma vez o posicionamento principalmente de como segurar o bebê e que diagnosticou que eu possuía hiperlactaçâo, e que isso fazia Catarina ter dificuldades de mamar devido o excesso de leite que sai a cada sugado. Indicou fazer uma pinça com os dedos no seio durante a mamada e compressas frias pra diminuir o fluxo.
A partir daí, consegui amamentar mais, quase não utilizava mais os copinhos. Porém em uma noite, em questão de 1h, meu peito encheu e evoluiu pra uma mastite bem violenta. A febre iniciou e aumentou muito e rápido. Tremi, chorei, desmaiei e delirei. Tive que ir novamente pro PS e dessa vez remédios mais fortes foram receitados. Devido a mastite, amamentar voltou a ser extremamente dolorido, e eu chorava todas as vezes e já começava a me perguntar se eu não deveria desistir e partir pra fórmula de uma vez, afinal eu já estava odiando amamentar e também não seria bom passar esse sentimento pra minha filha.
Uma semana e meia após essa mastite, outra se iniciou, e meus medos todos de novo a tona, será que eu não ia ser dessa vez que a amamentar ia fluir? Tantas amigas com bebês na mesma idade (2 meses) já regulando os processos e eu aqui, parecendo nadar e não sair do lugar, frustração define.
Dessa vez me consultei com homeopatas e fiz mais uma sessão de terapia com o Anjo2. Fui também no banco de leite da maternidade, onde me deram mais dicas e avaliaram a nova mastite. Depois, as coisas começaram a ficar um pouco mais leves. Ela agora abre bem a boca e pega corretamente. Ainda reluta um pouco com o peito esquerdo, mas já está melhor. Ela também briga muito enquanto mama, mas como ela só está no peito certinho há um mês, acredito que ainda vá um tempo pra regular o fluxo e diminuir a hiperlactação.

A questão é: amamentar as vezes pode não ser tão instintivo quanto falam. É um processo mecânico que precisa ser aprendido pelos dois, mãe e filho, e um aprendizado emocional e espiritual também. Só cheguei aqui devido meus 3 anjos e a minha rede de apoio: Mãe, Pai, Companheiro, Irmãos, Madrinhas e todos que me incentivaram quando eu quis desistir. Se vc ver uma mulher que está tendo dificuldades pra amamentar e não sabe o que dizer, diga que ela vai dar conta sim e traga um copo de água. Amamentar da muita sede! E jamais diga coisas do tipo “mas vc tem certeza que tem leite?”, “teu leite não é fraco?”, “ah, é muito trabalho, eu dava fórmula”, pq isso não ajuda, mesmo, por melhor que seja a sua intenção.
Bom, é isso. E agora vc me pergunta: e vc e Catarina estão 100% na amamentação então? Não. Mas estamos melhor que ontem e pior que amanhã.
Imensos agradecimentos:
Anjo1: Eloiza Fernandes Giraldi encontrei acolhimento e uma amiga, me explicou sobre a natureza de ser mãe e me ensinou a confiar nos meus instintos;
Anjo2: Aline Melo me acolheu física e espiritualmente com sua luz imensa e me levou a compreender muito sobre meu passado e as correntes nas quais eu me prendia;
Anjo3: Zioneth – Mães com Ciência que de forma muito rápida, técnica e certeira captou minhas dificuldades físicas no processo de amamentação;
Meu companheiro da vida: Jnh Carlos, sem palavras pra descrever o que é caminhar ao teu lado;
Minha mãe: Leandra Schmidt, a mulher mais foda que eu conheço;
Meu pai: Angelo Vieira, por ficar comigo e com Catarina todas as tardes e permitir que eu pudesse cuidar de mim;
As madrinhas: Geise Formigoni e Tatiane Formigoni, pelas inúmeras refeições e injeções de ânimo;
Minha irmã: Danae Correa, pelo colo milagroso que sempre faz Catarina parar de chorar instantaneamente;
Minha vó e minhas primas: Angela Maria da Cunha, Tatiana Cunha e Vitória Azambuja pelas faxinas na casa e pelo carinho;
A minha família e do Jonathan de um modo geral, e a todos que de alguma forma fizeram com que eu me mantivesse firme nas minhas escolhas.
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