Neste texto vou trazer uma metáfora que simboliza uma visão sobre a maternidade bastante profunda, trazida para nos por minha amiga Thaiane Caetano
A maternidade e seus poços
Por Thaiane S. Guerra Caetano
Assim como muitas trajetórias da vida, nós passamos pelo mundo maternal na
absoluta solidão. Você pode ter um companheiro maravilhoso, uma família
próxima e um equipe de profissionais empáticos, mas este caminho se trilha
sozinho. E eu vejo que esta jornada tem muitos caminhos tortuosos e alguns poços desafiadores, nos quais precisamos entrar e viver, em cada um deles. Estes poços são únicos para cada mulher, ou seja eles se diferem para cada uma.
Desde o inicio da gestação brotam sorrateiramente alguns poços na vida da mulher. O primeiro de todos é o poço da alegria ou da tristeza, e as vezes
até ambos. O poço é o mesmo, mas para algumas mulheres ele é claro e raso,
e para outras ele pode ser profundo e negro. Aparecem outros poços, o do
medo, o da ansiedade, da expectativa, do enjoo, do nojo. Alguns são leves
de se entrar, outros podem ser extremamente profundos e angustiantes, as mulheres que experimentam um poço profundo do enjoo aprendem logo cedo que
o caminhar na gestação pode ser longo e solitário. As pessoas tentam
ajudar, mas o mal estar te persegue dia e noite e na verdade o único fator
que realmente cura este poço é o tempo.
E assim passamos nossa gestação, por vezes entramos no poço da alegria,
algumas vezes no do medo, tem o dos desconfortos e do sono. E todos estes
poços solitários nos levam a treinar para o maior de todos eles, o poço do
PARTO!
E ali em sua solitária companhia ela permite brotar a confiança mais sincera
que mora dentro de si afinal ela precisa acreditar pra sair daquele poço. E
ela se deixa cair, e ela se permite não enxergar, inerte, sem forças, exausta, entregue, sensações desconhecidas tomam conta de seu corpo e de sua mente, e ela se rompe por completo, se começa a tentar controlar a queda, as sensações se intensificam, a queda é incontrolável, até que o silêncio toma conta de seus ouvidos, a loucura está próxima, e por fim seus pés tocam o o chão.
E ali vem a certeza de que há uma forma de sair daquela profundidade, e ela começa a fazer força, bate os pés no chão e se agarra as paredes escuras,
sobe um pouco e cai, mas não desiste, não tem como desistir. Então tenta
novamente e cai, e mais uma vez e cai, até que aprende a subir, e com uma
força desconhecida ela se agarra as paredes do poço e sobe, olha pra cima e
vê uma pequena brecha da luz do sol, e sobe mais, e começa a ouvir a musica
e a voz das pessoas, e a se sentir tocada novamente. E o sol aquece seu
corpo, e ela percebe que está acordada e ativa, e antes sozinha, agora ela
sai acompanhada, por ela mesma e pela pequena alma que ela foi retirar de
suas próprias profundezas.
Sim, ela precisou passar por todo o medo e dor para se partir e duplicar.
Caminhou sozinha, mergulhou em si e conseguiu emergir com seu pequeno bebê nos braços. Algumas mulheres vão precisar de ajuda dentro deste poço, algumas vão precisar de uma lanterna pois o escuro pode ser totalmente torturante a elas, outras precisarão ser resgatadas quando seus poços se tornam perigosos demais para elas. Mas o aprendizado, e a escuridão toca a alma de todas as mulheres que adentram nesta jornada, e não tem como saírem iguais, mudanças irreversíveis acontecem nesta escuridão.
Texto de Thaiane Guerra Caetano , escrito originalmente para Geração Mãe.
Thaiane S. Guerra Caetano
Mãe do Nico e do Henrique
Enfermeira Obstetra atuante no Instituto Geração Mãe
Pós graduanda em Medicina Tradicional Chinesa
Especialista em Urgência Emergência e Terapia Intensiva
Formada em Hipnose Clínica
Consultora em Aleitamento Materno e Babywearing.
Atendimento Instituto Geração Mae: Av. California, 678 – Ribeirão Preto / SP. Tel: (16) 3236-7655
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