Outubro rosa é um movimento que nasceu nos anos noventa nos Estados Unidos, coordenando os esforços que diversas entidades mantinham para informar e prevenir sobre o câncer de mama. Esse movimento agora é mundial, começando ser cada vez mais visível no Brasil nos anos 2000 (veja um pouco sobre a história do outubro rosa ) .
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, e sua incidência vem aumentando ao longo do tempo, concomitantemente ao aumento da industrialização e da urbanização. O câncer de mama é responsável por cerca de 20% da incidência de câncer e por 14% do total de mortes associadas ao câncer, entre as mulheres¹ . É importante ressaltar que o câncer de mama tem tratamento, e as chances de cura são maiores quando diagnosticado precocemente. Diversas organizações e pesquisadores, têm destinados grandes esforços para conhecer o mecanismo deste câncer, e entender os fatores de risco, e assim criar condutas que possam ajudar na sua prevenção em escala populacional.

A prática da lactação é apontada pelo World Cancer Research Fund e American Institute for Cancer Research, como fator protetor significativo para o câncer de mama, tanto em mulheres na pré-menopausa quanto na pós-menopausa. Porém, ainda não há consenso sobre o tempo de amamentação que exerce esta proteção contra o câncer de mama² . A maioria de estudos que avaliam o tempo de amamentação, apontam que seu efeito protetor aumenta proporcionalmente ao tempo de lactância, reforçando a orientação de outras organizações da saúde: amamentação exclusiva até 6 meses, e mantida por dois anos ou mais.
O efeito protetor da amamentação pode estar associado à diferenciação completa das células mamárias e ao menor tempo de exposição à ação de hormônios sexuais, que se encontram diminuídos durante a amenorreia induzida pela lactação. Além disso, a intensa esfoliação do tecido mamário e a apoptose maciça de células epiteliais, decorrentes da amamentação, podem reduzir o risco de câncer de mama por meio da eliminação de células que tenham sofrido algum dano potencial no DNA ¹ .

Os benefícios da amamentação na prevenção do câncer de mama não param apenas na mulher, seus filhos podem também se beneficiar. Em 1994, Freudenheim e colaboradores ³, sugeriram em seu estudo que ser amamentado na infância, pode influenciar o risco de câncer de mama idade adulta, atuando como um fator protetor. Em 2009, evidências de um novo estudo não conseguiu suportar essa hipóteses (nas entrevistas, não consideraram aleitamento exclusivo, apenas se recebeu ou não leite materno e por quanto tempo) 4.
Atualmente, a World Cancer Research Fund e American Institute for Cancer Research, apontam que receber leite materno na infância, de forma exclusiva, atuaria como um importante fator de proteção a diversos tipos de câncer na vida adulta. Reconhecendo no aleitamento materno um protetor frente aos fatores que podem aumentar o risco de aparecimento de qualquer tipo de câncer, tais como obesidade, gordura abdominal e disbioses.
Referências:
1 Inumaru LE et al.Fatores de risco e de proteção para câncer de mama: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(7):1259-1270, jul, 2011
3. Freudenheim JL et al. Exposure to breastmilk in infancy and the risk of breast cancer. Epidemiology. 1994 May;5(3):324-31.
4. Wise LA et al. Exposure to breast milk in infancy and risk of breast
cancer. Cancer Causes Control. 2009 Sep;20(7):1083-90.
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Texto original de Zioneth Garcia