Hoje venho compartilhar com vocês dois casos que me deixaram sensibilizada, e especialmente preocupada pela saúde materna, apesar do foco da consulta ser o bebê, quando vejo que o comportamento do bebê responde ao comportamento familiar ao redor de uma situação de saúde materna particular, é imprescindível cuidar da mãe. Um padrão de comportamento que tenho observado, problemas de sono e crises comportamentais frequentes no bebê em resposta a uma situação de saúde materna.
Os bebês respondem ao estresse do ambiente através de um maior pedido de colo e sucção. Por isso, é importante cuidar de si mesmos. Garantir um bem estar mínimo de cuidadores, dando atenção às necessidades fisiológicas oportunamente. O estresse gerado por não atender às suas necessidades fisiológicas será transmitido à criança através de sinais corporais que não controlamos voluntariamente: frequência cardíaca, respiratória, tensão muscular, olhar e expressão facial.
Caso 1: dor crônica e angustia de separação
A criança com 9 meses, em plena angústia de separação, engatinhando por tudo e começando se levantar, cheia de energia para gastar, e dando bastante trabalho para sua mãe na hora de dormir. Uma situação que não está nada fora do normal, porém, a mãe lidava com uma doença que lhe causa bastante dor, tentando evitar uma cirurgia através de um tratamento médico periódico que também lhe causava desgaste físico e dor. No dia dia era ela com seu bebê, o pai trabalha viajando e a família morava em outra cidade, apesar de próximos, o cotidiano era basicamente sozinhos. Na nossa conversa e acompanhamento posterior percebi um padrão de comportamento, o bebê tinha as noites mais difíceis, despertando continuamente para mamar justamente nos dias que sua mãe sentia mais dor, especialmente após o tratamento. A avó vinha cuidar da filha e neto, mas a criança era irredutível em querer a mãe.
A solução foi tentar descansar juntos, manter a dor o mais controlada possível usando medicações (foi levantada a lista de medicações disponíveis e compatíveis com a lactância para ela discutir junto ao especialista) . Também incluímos um processo de comunicação mais ativo, explicando para criança quando sua mãe estava ou não disponível ou com dor. Mas especialmente, foi discutido o realizar a cirurgia que seria o tratamento definitivo, sugerido pelo especialista, mesmo que significasse alguns dias fora de casa.

Caso 2: Tratamento psicológico e gases do bebê
A criança de 2 meses só adormecia mamando e no colo, normal, não fosse o fato de precisar dormir assim dia e noite, a mãe me procurou exausta, várias noites em claro. Na nossa anamnese e conversa ficou evidente que tinha algo além do comportamento da criança. A mãe tinha distúrbio de ansiedade, estava em acompanhamento com psiquiatra e tomava duas medicações para o controle da ansiedade, mas tinha interrompido a terapia após o nascimento. Ao longo do acompanhamento percebemos um padrão nas acordadas diurnas e noturnas, a criança acordava com gases ou cocô. A alimentação da mãe não era, ela já cuidava tudo nos mínimos detalhes. Então nossas suspeitas caíram em duas substâncias, probióticos oferecidos para a bebê desde o nascimento, para as cólicas, e um dos medicamentos que a mãe usava regularmente. Fizemos o teste de mudar o horário da medicação, e deu uma mudança no horário do cocô, acordo com a bula ela poderia causar problemas intestinais, então orientei procurar o psiquiatra e levar esta informação, e com muita boa vontade, ele concordou em mudar a medicação. A mãe também suspendeu o uso do probiótico, e finalmente o cocô e os gases deram uma boa diminuída.
Com a criança melhor, passou aceitar mais fácil dormir fora do colo, ficar períodos maiores sem mamar. É claro que ainda há muitos desafios pela frente, está amadurecendo seu sistema neurológico ainda, mas a rotina estruturada e as melhoras notáveis no comportamento da criança ao controlar o desconforto, foram suficientes para deixar a mãe muito mais tranquila.

Esses, são dois casos onde foi preciso a ação interdisciplinar, vários profissionais e familiares envolvidos, ao redor de uma situação. E você, mãe, já fez seu check up anual? sua saúde física e mental está em dia? Não espere chegar no fundo do poço para cuidar de você mesma, é preciso cuidar da mulher, para que possa ser uma mãe melhor!
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Texto original de Zioneth Garcia
