Assunto de meninos: desenvolvimento do prepúcio e fimose

Mexer ou não mexer? Essa é a questão que  nós, pais e mães de meninos, nos fazemos quando trocamos fraldas ou damos banho aos nossos meninos durante seus primeiros anos de vida. Sou mãe de menino, enfrentei a mesma questão, por isso fui atras de entender mais sobre o prepúcio e a tão temida fimose. Se você é mãe ou pai de menino, veja a seguir o que encontrei sobre o tema.

O prepúcio

O prepúcio aparece como um anel de epiderme firme às 6 semanas de gestação, crescendo até ao extremo da glande até às 16 semanas de gravidez. A individualização do prepúcio e da glande começam as 24 semanas de gestação. O grau de individualização progride a ritmo variável até ao nascimento. A individualização prepucial é na maioria dos casos suficiente aos 10 dias de vida, o que permite a retração mecânica sem rasgar o epitélio.

Cerca de 90% dos recém-nascidos apresenta uma fimose fisiológica ou impossibilidade de retrair completamente o prepúcio. Durante os primeiros 3-4 anos de vida fatores como o crescimento do corpo do pênis, a acumulação de secreções epiteliais, as ereções intermitentes e a masturbação na puberdade, propiciam a separação do prepúcio da glande. Cerca de 90% dos prepúcios estão completamente retráteis aos 3 anos de idade e menos de 1% dos homens tem fimose nos 17 anos¹.

A função principal do prepúcio é a de proteger a glande. Alguns autores apontam que após a circuncisão (cirurgia onde o prepúcio é retirado) a pele da glande  pode passar por um engrossamento diminuindo sua sensibilidade, sugerindo que o prepúcio ajudaria proteger a pele da glande, mantendo sua sensibilidade do pênis.

Foto por Helena Lopes em Pexels.com

A fimose

A fimose define-se como a presença de um prepúcio não retrátil devido a uma abertura prepucial estreita e, segundo as características macroscópicas do anel prepucial, é classificada em primária ou secundária. Na fimose primária não existem sinais de cicatrização, afeta cerca de 96% dos recém nascidos, e apresenta um declínio notório com a idade, notando-se redução da prevalência para cerca de 10 a 20% aos 3 anos. Diversos autores, salientam que, a partir dessa idade, uma maior percentagem de crianças apresentará uma resolução mais lenta da fimose até à adolescência, que pode mesmo não resolver e manter-se na idade adulta. Portanto, só pondera-se o início de terapêutica a partir dos 3 anos de idade. Ou seja, antes dos três anos não é preciso fazer nenhuma abordagem invasiva, ou em outras palavra: não é preciso mexer!

Porem, existe a fimose secundária, na que são visíveis cicatrizes, que ocorrem maioritariamente após inflamações locais ou retração forçada do prepúcio, podendo surgir num prepúcio previamente retráctil.  Alguns apontam que forçar a retração do prepúcio nos bebês pode causar micro lesões que podem gerar micro cicatrizes e assim desencadear fimose secundaria. Mais uma razão para não mexer no prepúcio  dos bebês e crianças menores de 3 anos.

Na prática, os urologistas manejam uma classificação da fimose de acordo com o grau de retractilidade do prepúcio (Quadro). Pacientes com graduação ≥ 3 beneficiam de tratamento ².

Edição de imagens (7)

É importante ressaltar que a grande maioria dos homens, apresenta um excesso de prepúcio que, com o pênis em repouso recobre e ultrapassa a glande. Isto não é fimose, mas sim uma condição normal. Além disso, todos os homens possuem uma estrutura semelhante a um cordão, que liga a extremidade da glande ao prepúcio, impedindo que este seja excessivamente tracionado. É o freio do pênis, uma estrutura normal, com  a função bem definida de limitar os movimentos do prepúcio durante o coito. Ocasionalmente, o freio apresenta-se excessivamente curto, provocando dor e encurvamento nas relações sexuais, sendo necessário o seu alongamento (o que só será detetado na vida adulta).

Na dúvida sobre o prepúcio de seu pequeno, não duvide em perguntar ao seu pediatra, ele irá observar, dar uma mexidinha de leve (sem forçar) e avaliar se é preciso alguma intervenção.

Referências

1- Carlos B. Silva, Mário C. Alves, Jorge C. Ribeiro, Américo R. dos Santos. 2006. Fimose e Circuncisão.  Acta Urológica (23) 2: 21-26. http://www.apurologia.pt/acta/2-2006/fimos-circ.pdf

2- Paulo Pires, Hermínia Teixeira, Irene Lopes, José Agostinho Santos. 2011. Corticosteróides tópicos no tratamento da fimose primária em idade pediátrica: revisão baseada na evidência. Rev Port Clin Geral 27:296-300. http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpcg/v27n3/v27n3a08.pdf

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*Texto original de Zioneth Garcia

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