Educação não violenta: O desafio é com você!

Foi preciso que em 2014, fosse aprovada a “lei da palmada” ou “Lei Menino Bernardo” (Lei n.° 13.010/2014) que altera o ECA e estabelece que as crianças e os adolescentes têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. O debate continua até hoje. Muitas das pessoas associa palmada ou punição com educação, e então ficam confusas se perguntando como é que vão educar ou mostrar limites e formar os cidadãos do amanhã? Já era de se esperar que uma sociedade que naturaliza a violência considere que não existe outra forma de educar além da autoridade e a punição (física ou emocional); para mim parece claro que o problema não é que não exista outra forma de educar, é que nós como sociedade não conhecemos outra forma. 

Se vemos uma mulher sendo maltratada na rua, ficamos horrorizados, alguns até irão intervir, se vemos um idoso sendo puxado pelo braço ou tratado aos gritos de forma sistemática, reconhecemos como mal trato e pode virar caso de polícia. Mas se vemos uma criança sendo puxada pelo braço, ouvindo gritos ou apanhando no meio na rua, para a maioria é normal, a mãe ou pai estão “educando”, corrigindo a criança, e não se vê como necessária a intervenção.

Imagem Canva.com – assinatura Zioneth Garcia

Somos seres sociais, e portanto, nosso comportamento é aprendido no convívio, e somos especialmente sensíveis a essa aprendizagem durante os primeiros anos de desenvolvimento. Muitos de nós apanhamos de palmada, chinelada, cinto, ou apenas levamos vários gritos, fomos deixados de castigo e fomos punidos severamente sem nenhuma conexão com nossos atos “rebeldes”. Crescemos, “sobrevivemos”, graças a uma característica maravilhosa: a resiliência; e assim, ao nos tornarmos pais e mães, tendemos a repetir o modelo de maternidade e paternidade que já temos na cabeça: o dos nossos pais, que por sua vez seguram os pais deles por gerações. Este modelo usa a violência como forma de “educar”, o que é bem aceito socialmente e “correto” à luz da cultura que naturaliza a violência (nossa cultura).

Você deve ter ouvido ou mesmo pensado a velha frase  “eu apanhei e isso me fez uma pessoa de bem”. Mas, não é bem assim, as crianças que apanharam e se tornaram boas pessoas, o fizeram não graças às palmadas, mas apesar delas. O que torna as crianças em adultos bons quando crescem é o amor, a conversa e principalmente o exemplo de pais que são adultos bons, que dedicaram tempo e esforço para ensinar e serem bons exemplos para seus filhos.    

Imagem Canva.com – assinatura Zioneth Garcia

Mesmo com a escolha consciente por uma educação sem violência, não é raro que nas situações mais desafiadoras com a criação dos nossos filhos vejamos em nós o reflexo de nossos próprios pais. E novamente não é que não exista outra forma de educar, nós é que desconhecemos as outras formas!  Um desafio foi lançado às mães, pais, cuidadores e educadores em geral: educar nossas crianças e adolescentes sem uso de violência. Fácil dizer, não tão fácil fazer! Com uma cultura de naturalização da violência de séculos de implantação, o caminho da educação sem violência como alternativa de criação de filhos e cidadãos nos leva a uma busca pessoal por autoconhecimento, que passa pelo perdão do passado, conciliação do presente e trabalho árduo para ter um futuro esperançoso. A empatia, a comunicação e o amor serão nossas armas mais poderosas. Disciplinar as crianças deve ser entendido como ensinar, não punir. 

E então: Que tipo de pai/mãe você quer ser? Qual é a lembrança que espera que seus filhos tenham de você? Que mundo você quer ajudar a forjar? Vamos continuar naturalizando a violência dentro de casa?

Informe-se, leia, procure ajuda pois ninguém consegue fazer nada sozinho; somos seres sociais e é em comunidade que conseguiremos mudar e crescer. Podemos quebrar esse ciclo. Basta dar um primeiro passo!

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Texto original de Zioneth Garcia

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