Hábitos orais deletérios, como roer unhas, morder objetos da casa (controle da TV, canetas, etc) são formas da criança expressar um sentimento vivenciado de forma intensa: raiva, frustração, felicidade intensa, empolgação, tédio. Essas emoções podem deixar o cérebro da criança hiperestimulado, o levando a encontrar nesses comportamentos uma válvula de escape para se equilibrar, enquanto se adquire um sistema de controle emocional mais amadurecido.
O hábito de roer as unhas costuma aparecer com maior frequência em crianças pré-escolares e escolares ( 3- 12 anos), e pode causar grande preocupação nas famílias, e deixar as crianças constrangidas vendo a preocupação ao redor. O primeiro a ser feito é ter uma conversa clara e sincera com a criança manifestando a preocupação sobre o hábito de roer unhas, e a necessidade de lhe ajudar a ter um manejo mais consciente. Explicando numa linguagem simples compreensível pela criança os problemas que esse hábito pode causar: dor, machucados expostos, possíveis infeções. É importante que a criança tenha consciência que roer as unhas é um problema, que pode levar as mãos à boca mesmo sem querer, por impulso e por isso precisará de ajuda para conseguir parar. Veja a seguir como podem ser manejado e extinto gradualmente esse hábito.

Atitudes a tomar no dia dia para ajudar a criança controlar o impulso de roer as unhas
1-Avaliar o contexto no qual leva as mãos à boca para roer as unhas: descobrir o por que acontece, é essencial para definir a estratégia de correção. Qual sentimento pode estar associado ao roer as unhas? Quando a criança está nervosa em uma situação socialmente desafiadora, ou quando está entediada, assistindo TV, esperando que a mãe finalize uma atividade. Quando está cansada ou com fome? acontece próximo do horário de dormir ou de comer? Quando está à espera de atenção? quando a mãe ou pai estão envolvidos nas atividades domésticas ou em momentos de ócio, quando não tem nenhuma atividade programada?
2-Uma vez identificadas as razões, identifique as situações ou comportamentos detonantes e se antecipe. Dessa forma irá frear o comportamento antes de acontecer, avisando o risco de comportamento aparecer na atividade que irá realizar. O foco é controlar o impulso. Explique claramente a atividade a ser realizada e alerte sobre a possibilidade dele sem querer levar a mão à boca e acabar roendo às unhas. Crie um comando curto, de duas ou três palavras para lhe alertar quando perceber que a mão está indo até a boca.
Pode ser preciso fazer mudanças na rotina da criança ou da família, ou mesmo abrir mão de atividades que estejam detonando picos maiores de estresse ou ansiedade. Com crianças escolares a sobrecarga de atividades extracurriculares pode gerar picos emocionais intensos, aumentando o risco destes hábitos orais. Uma estratégia é manter dentro da rotina da criança tempo de ócio, sem compromissos escolares nem atividades extracurriculares, um tempo apenas para ser criança.

3- Ofereça alternativas, sabendo quando e por que esses comportamento acontece, você poderá oferecer alternativas. Ocupar às mãos com alguma atividade é a melhor estratégia: ofereça massinha, areia cinética, slime, miçangas, ajudar na cozinha, fazer pintar ou desenhar, etc. Acompanhe o gosto da sua criança e ofereça atividades manuais que sejam de seu agrado. Introduza um comando curto que pode ser usado para alertar a criança que está levando a mão na boca e lhe ofereça a alternativa viável na situação.
Para criança pré-escolares ajuda muito usar historinhas e brincadeiras para mostrar possíveis consequências do hábito de roer unhas, através de personagens fictícios, alertando e corrigindo os personagens. Para crianças maiores, criar pequenas metas, passeios, pintar as unhas, ou mesmo aprender a lixar as unhas sozinha, podem ser mais um incentivo para deixar as unhas crescer.
4- Reforce bons comportamentos e repita as orientações constantemente. Não basta uma conversa ou uma dúzia de alertas que frearam o impulso de roer as unhas é preciso repetir muitas vezes de diversas formas, sem baixar a guarda. Não é raro, acreditar o comportamento ter sumido e novamente acontecer após ter baixado a guarda. Não esqueça que a criança ainda está em aquisição de um sistema de autocontrole emocional. Um dia ruim, uma noite de sono difícil, a proximidade de uma prova difícil, ou uma quebra da rotina podem ser o suficiente para acionar o impulso novamente. Tão importante quanto mostrar o comportamento adequado, é reforçar positivamente quando expressam autocontrole. Elogie quando perceber que as unhas estão crescendo, incentivando o cuidado com as mãos (hidratar, aparar , fazer manicure, usar pulseiras, etc).
Atenção: o habito de roer as unhas pode ser adquirido por imitação, é frequente ver crianças que roem as unhas que começaram porque um dos pais ou cuidadores tem esse hábito. Assim, será mais fácil para a criança deixar esse hábito se os adultos tomam consciência dos seus próprios problemas e quem sabe fazer um esforço conjunto para controlar o hábito.
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Texto por Zioneth Garcia
