Relato de caso: inseguranças na volta ao trabalho e à faculdade

Voltar ao trabalho após a maternidade nunca é fácil, sem importar quem ficará aos cuidados da criança. Os medos e as insegurança podem tomar conta, e tornar o que já é difícil ainda mais difícil.

No caso que venho compartilhar hoje, além das inseguranças normais da volta ao trabalho, também temos a faculdade noturna,  e um esquema familiar um tanto complexo. A bebê com 6 meses, iniciando a introdução de alimentos, amamentada exclusivamente no seio até então. A mãe e o pai são um casal, porém, não moram juntos, a mãe é estudante finalizando sua faculdade, mora com os seu pais, trabalha meio período a tarde e estuda a noite. O papai trabalha o dia todo e vai ver sua filha todas as noites, algumas vezes dormem juntos, mas a maioria vai embora para sua casa. Estão na expectativa de uma mudança para casa própria, mas sem uma data específica para acontecer.

A dinâmica é bem especial, a mãe fica com sua bebê de manhã, a avó materna a tarde, enquanto a mãe trabalha , e o pai cuidará da pequena de noite, até a mãe voltar da faculdade (umas 22:30hs). A grande questão é como coordenar três pessoas diferentes, nos cuidados da mesma bebê. Esse era o foco da insegurança da mãe. Como a maioria escutou que deveria “acostumar sem peito”, “introduzir mamadeira”, “adaptar à fórmula infantil” ou mesmo “desmamar” para facilitar a adaptação a novos cuidadores.

Indo para creche

Tivemos nossa longa conversa, muitos mitos derrubados, várias explicações sobre aleitamento na alimentação complementar, a necessidade de sucção dos bebês, a importância da rotina e as possíveis respostas da criança à separação. Montamos um plano que consistia em organizar a rotina familiar, de forma que, independente de ser a mãe, o pai ou a avó ao frente dos cuidados, a criança recebesse oportunamente atenção para suas necessidade básicas. Ao tempo que realizamos a adaptação gradual aos cuidados da avó e o pai, considerando como iria ser oferecido o leite e como seria colocada para dormir na ausência da mãe (não usava mamadeira nem chupeta).

O foco foi no principal medo da mãe, a bebê no dormir na sua ausência por só adormecer mamando do seio quando ela estava. Então construímos um roteiro de sono, onde o papel relaxante do seio pudesse ser substituído facilmente por outras atividades. A tarefa da avó e do pai foi justamente descobrirem seu jeito único de acalmar e relaxar a bebê até que conseguisse dormir.

Sem a carga de treinar o sono ou a alimentação da bebê antes da volta ao trabalho e à faculdade. A mãe ficou mais tranquila e focada em construir a rotina e armazenar leite. Aproveitando os dias antes da volta ao trabalho e as manhãs após voltar. Nos surpreendemos com a forma como a bebê respondeu, se adaptou rapidamente ao novo ritmo. Com o inicio à adaptação aos cuidados da avó e do pai, que até então eram presentes apenas na hora da brincadeira, a nova rotina se mostrou favorável. Houve algumas dificuldades, como a avó não gostar muito da ideia de adormecer no colo, para o que foi introduzido o carrinho no período com a avó. Enquanto com o pai, o deitar juntinho na hora do sono noturno foi o ideal. Ao voltar da aula, antes de ir para cama, a mãe oferece uma mamada no seio e sua noite de descanso começa.  De manhã e finais de semana, a forma como adormecia com a mãe não mudo muito, o que deixou a mãe feliz. 

mãe-estudante

Após uns dias da volta efetiva ao trabalho e a faculdade, novos desafios: choro ao se separar da mãe, mesmo quando se distanciava uns metros, muitas acordadas a noite, de querer ficar segurando a mãe pelo mamilo a noite toda.  Reforçamos os exercícios e brincadeiras para atenuar a angústia de separação, foi um momento delicado no qual a mãe precisou ser confortada . Acertamos a cama compartilhada e garantimos o aleitamento diurno.  Nesse momento começou um processo mais firme de controlar a associação do sono da sucção, dessa forma a bebê aprendeu reconhecer no toque, contato físico e na voz da sua mãe outra forma de contato e calma.

A vida continua para está família, a mãe perdeu seus medos, a família aprendeu olhar desde uma nova perspectiva as mudanças na vida da bebê. Aprendizados que com certeza levaram para cada nova fase de desenvolvimento da bebê. A nova segurança lhe permitirá que se focar nos seus estudos com mais dedicação, estando certa que sua filha está em boas mãos.

Precisando ajuda para planejar a sua volta ao trabalho?

A consultoria Mães com Ciência pode ajudar saiba como funciona aqui ou  Agende uma consulta virtual aqui

*Texto original de Zioneth Garcia

Veja também:

Alimentação complementar e amamentação

Meu bebê não pega mamadeira e agora como dou o leite?

Como manter o aleitamento materno na volta ao trabalho?

Voltar ao trabalho após a maternidade: sim ou não?

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